Os jornais são parte do meu Mundo desde 1978 quando dei os primeiros passos como jornalista no «Diário Popular» com Jacinto Baptista a quem fui apresentado por Carlos Pinhão, subchefe de redacção de «A Bola». Um dos poemas do poeta americano Carl Sandburg («Operárias») começa assim: «As raparigas operárias (…) trazem debaixo do braço o almoço embrulhado em papel de jornal». Há quem chame aos jornais «uma folha no vento» e há quem prefira chamar-lhe «a apoteose do efémero»; alguns teimosos ainda chamam aos jornalistas «os historiadores do quotidiano». Tudo isto porque descobri em O MIRANTE de 26 de Setembro uma notícia do Clube de Leitores do jornal onde trabalhei de 1997 a 2001 e que continuo a ler todas as semanas. Lá aparece o César Piedade da Portela das Padeiras que nunca mais vi desde 2001 mas só pode ser o mesmo César Piedade que eu acompanhei no Sporting Clube de Portugal quando ele era Iniciado e tinha como treinador o Carlos Pereira. Lembro-me de ter ido uma vez falar com ele à Portela das Padeiras e de o ter entrevistado para O MIRANTE; já passaram muitos anos e vejo agora nas páginas do nosso jornal que é sócio-gerente da Casa dos Torricados na Azóia de Baixo. Há quem escreva turricado mas é bem torricado pois vem de torrar. Nota curiosa: o mesmo César Piedade do Clube está no meu livro «Pedro Barbosa, Jesus Correia, Vítor Damas e outros retratos» da Editora Padrões Culturais. O poema «Camisola» começa assim: «Repara bem nestas onze camisolas / Tão alinhadas aqui á vossa espera / Olha: entre os punhos e as golas / Há por ali um fervor de Primavera». Valeu a pena o encontro nas páginas de O MIRANTE; os jornais não servem apenas para ler e embrulhar lancheiras de operários. São feitos de lágrimas, de sonhos e de sangue pisado.José do Carmo Francisco Notícia relacionada: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=619&id=94577&idSeccao=10743&Action=noticia