Arquivo | 12-05-2004 01:01

Doentes de ortopedia desesperam por uma operação

Doentes de ortopedia desesperam por uma operação

O período de espera para intervenções cirúrgicas na Ortopedia do Hospital de Abrantes está longe de ser o desejável. Quem o admite é o próprio director clínico do Centro Hospitalar do Médio Tejo, onde se integra aquela unidade de saúde. As queixas já começaram a ouvir-se.

No dia em que saiu a público que o Centro Hospital do Médio Tejo estava, na opinião dos utentes, entre os 10 melhores hospitais de gestão empresarial do país, um familiar de um doente internado no hospital de Abrantes queixava-se à televisão que o pai, com uma fractura óssea, estava há 11 dias à espera de uma intervenção cirúrgica. Este caso, foi resolvido, mas há mais utentes nesta situação.À porta do hospital de Abrantes, o filho do senhor de Tomar, de 86 anos, que aguardava há onze dias por uma operação, considerava tratar-se de uma situação inadmissível. Igualmente, revoltados estão os familiares de uma outra doente, também idosa, que já fez a preparação para ser operada, mas que não entrou no bloco operatório porque entretanto os ortopedistas tiveram de socorrer um politraumatizado. Estes dois casos chegaram ao conhecimento da comunicação social, mas há mais doentes que desesperam por uma operação que lhes atenue as dores de uma fractura óssea e abrevie a sua recuperação.O “atraso” nas intervenções cirúrgicas em Ortopedia é reconhecido pelo director clínico do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Francisco Morgado disse a O MIRANTE que nos últimos tempos têm-se registado casos de alguns doentes que esperam mais do que seria “desejável” por uma operação.O problema agrava-se quando são pessoas mais idosas, que, segundo Francisco Morgado, constituem uma faixa considerável dos doentes de Ortopedia que necessitam de intervenções cirúrgicas.“O internamento para além do que é necessário é desaconselhável sob todos os pontos de vista. O tempo de espera por uma operação a uma fractura pode não ocasionar problemas de maior gravidade mas causa pelo menos incómodo e sofrimento desnecessários”, continua Francisco Morgado. A este prolongar da dor acresce um maior risco de contrair infecções hospitalares.Na opinião de Francisco Morgado, os períodos exagerados de espera em Ortopedia começaram há algum tempo e são originados por vários factores, como o aumento de politraumatizados que recorrem ao CHMT. “Estamos numa região atravessada por várias vias rodoviárias rápidas e abrangemos uma área muito grande, recebemos doentes da zona de Ourém. Mas não são só os sinistrados em acidentes viários que têm aumentado, há também muitas quedas acidentais, principalmente na população idosa”, esclarece.A redução da equipa clínica, devido a um dos médicos estar com problemas de saúde, veio agravar o problema. “Há 12 ortopedistas no Centro Hospitalar, incluindo directores de serviço e médicos com mais de 50 anos que por lei podem recusar-se a fazer urgência, embora alguns continuem a fazê-la. E uma equipa é formada por três clínicos - dois para operar e um para manter a urgência”, adianta.Por último, Francisco Morgado reconhece a necessidade de reorganizar o serviço dividido entre os hospitais de Tomar e de Abrantes: “Há problemas funcionais e a reunião que tive na terça-feira foi para avaliar toda a situação”.A resolução passa pela contratação de um ou dois médicos para as urgências e a responsabilização do clínico que recebe o doente. Isto é, se um médico de Tomar está de serviço em Abrantes e recebe um doente fica responsável por ele e se não o puder operar naquele dia tem de operá-lo nos dias seguintes. E também por ficar um bloco operatório destinado exclusivamente para a Ortopedia. Actualmente o mesmo bloco é utilizado pelas especialidades de Ortopedia, Obstetrícia e Cirurgia.“Em tudo isto não podemos esquecer que o doente com uma fractura não significa que seja uma emergência ou que apresente um quadro clínico que possa ser sujeito a uma intervenção cirúrgica. Pode ter de aguardar um ou dois dias, mas deve ser tratado dentro do que é desejável”, concluiu Francisco Morgado.

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