Só se comoverão com este texto, muito bem escrito, pessoas nascidas em Santarém que hoje tenham cerca de 60 anos de idade e que saibam do que se fala. São homens vulgares como Vítor da Silva, que fazem a grandeza das cidades e das suas memórias. Nasci e cresci naquela rua. Acompanhei à distancia o crescimento e o auge daquele escritório, numa altura em que, ir a Lisboa era uma uma aventura, programada ansiosamente pelas famílias ( ainda havia famílias), com semanas de antecedência. Tratar de papéis "oficiais" era coisa que se entregava ao "Vítor estafeta " para tratar. Ele tinha diversas equipas diariamente em Lisboa, cada uma em locais diferentes para tudo se despachar. Assisti também ao definhar da casa, como antes, ao fecho da Adega do João Lopes ( uma Catedral do bom vinho e do petisco ) na porta em Frente; à da Pensão ao lado, também da mesma prestigiada família. Mais à frente a Pensão Peralta que acolhia nos anos de ouro da cidade os ranchos folclóricos de tantos países, na altura da Feira do Ribatejo, também se finou e, curiosamente, de regresso à cidade de onde saí há 25 anos, em passeio com os meus netos e a mostrar "memórias" do passado, dei conta que resiste ainda uma velha sapataria chamada "Scalabis" da Dona Liete e do Senhor Manel sapateiro ( se é que ainda são vivos ), onde no meu tempo de estudante mandava fazer as botas de vitela ensebada e de saltos de prateleira, coisa cara na época, mas sem duvida que eram obras de arte genuína. Bons tempos... quem diz que as saudades não são saudáveis ??? Bom seria que O MIRANTE , em jornalismo de investigação fizesse qualquer coisa sobre esta cidade perdida no tempo e sobre as velhas profissões e lojas e mesmo sobre figuras inesquecíveis da cidade ... Júlio Americano; Clementino e outros mais que o tempo apagou. Fernando Silva Notícia relacionada: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=527&idSeccao=8742&id=79770&Action=noticia&title=Comentários