Arquivo | 29-01-2013 15:32

Pó aspirado em casas de Aveiro e Coimbra revela "níveis preocupantes" de compostos de estanho

Uma análise ao pó dos aspiradores de 27 casas de Aveiro e Coimbra, feita por uma equipa da Universidade de Aveiro, detectou "níveis preocupantes" de compostos orgânicos de estanho, revelou hoje fonte académica.Os compostos orgânicos de estanho são utilizados tradicionalmente em tintas para cobrir os cascos dos navios e usados em papel de parede, espumas, silicones, PVC´s e em vários produtos presentes no quotidiano, como roupas ou brinquedos.Estudos científicos indicam que interferem com o funcionamento hormonal, podem ser cancerígenos, diminuem a eficácia do sistema imunológico e promovem a obesidade.O trabalho da equipa do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro resulta da recolha e estudo do pó, onde os compostos estão presentes devido, em grande parte, à degradação dos materiais em causa de 27 casas distribuídas pelas cidades de Aveiro e Coimbra."O pó funciona como repositório e como concentrador dos compostos orgânicos de estanho, que vão sendo libertados devido ao desgaste dos materiais usados no dia-a-dia, e de algum que é trazido da rua para dentro de casa pelos moradores", explica a bióloga Ana Sousa, coordenadora do estudo, que se centrou na análise ao pó acumulado pelos aspiradores domésticos das habitações abrangidas pela investigação.Segundo Ana Sousa, "os valores altos encontrados não podem ser extrapolados para todas as casas portuguesas, mas servem de indicação para o que pode estar a acontecer", já que não existe sequer nenhum estudo epidemiológico sobre as consequências para a população.Limpar e aspirar mais vezes a casa, mantendo o chão o mais limpo possível, principalmente quando há crianças entre os seus habitantes, é uma das recomendações que deixa Ana Sousa, que recomenda ainda que se evite o uso de alcatifas por concentrarem pó."Além da presença desses compostos no pó, ainda os temos na água que bebemos e que nos chega por tubos de PVC", alerta a investigadora, que acrescenta que ainda há níveis elevados nos alimentos provindos do mar, já que esses compostos foram também usados em cascos de embarcações ou em estruturas submersas para prevenir a adesão de organismos, até serem proibidos para esse fim em 2008."Somando tudo, podemos estar a ser sujeitos à ingestão de altos valores de compostos orgânicos de estanho", alerta Ana Sousa, especialista em ecotoxicologia, actualmente a desenvolver um Pós-Doutoramento entre a UA, a Universidade da Beira Interior e o Centro de Estudos Marinhos e Ambientais, da Universidade de Ehime, no Japão, para onde o pó português foi levado e analisado.

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