Arquivo | 03-10-2013 18:13

Tribunal de Braga condena a 15 anos de prisão jovem que matou padrinho à facada

O Tribunal de Braga condenou hoje a 15 anos de prisão um jovem que matou com 27 facadas o padrinho, um aristocrata daquela cidade, num crime registado em Outubro de 2012, no apartamento onde agressor e vítima viviam.O colectivo de juízes sublinhou que o arguido agiu com especial perversidade e censurabilidade, nomeadamente pela forma reiterada como desferiu as facadas, atingindo zonas vitais da vítima.O facto de a vítima ser o próprio padrinho, que o criou desde que nasceu, foi outro factor que pesou contra o arguido.O tribunal destacou ainda a débil compleição física da vítima, que lhe retirou qualquer hipótese de defesa.Além disso, valorou também o "meio insidioso" usado pelo arguido, uma faca de cozinha com uma lâmina de oito centímetros.A favor do arguido, os juízes apontaram a sua juventude (21 anos) e o facto de ter sido ele mesmo, no dia dos factos, quem ligou para a polícia e para o INEM a pedir socorro para o padrinho.O arguido foi condenado por homicídio qualificado, um crime cuja moldura penal se situa entre os 12 e os 25 anos de prisão.O arguido foi ainda condenado a pagar 15 mil euros à mulher da vítima, por danos não patrimoniais, sendo que a indemnização pelos danos patrimoniais será fixada pelos tribunais cíveis.O advogado de defesa, Nuno Godinho, afirmou que pondera recorrer da decisão, nomeadamente por o tribunal não ter aplicado o regime especial para jovens.Recorde-se que, a pedido da defesa, foi realizada uma perícia às faculdades mentais do arguido, que concluiu pela sua imputabilidade.Durante o julgamento, o arguido confessou que na origem do crime esteve uma "violenta discussão" por causa de 80 euros.Segundo o arguido, a vítima, que atravessava grandes dificuldades financeiras, ter-lhe-á exigido, no dia do crime (26 de Outubro), que lhe desse, para ajuda nas despesas da casa, os 80 euros que ele teria acabado de receber, como pagamento de uns "biscates".A questão terá gerado uma "discussão violenta" entre padrinho e afilhado, acabando em homicídio."Fiz uma coisa que não devia", referiu o arguido.A vítima, Gaspar Roby, de 69 anos, era um dos quatro filhos da condessa de Infias, Braga.Ele e a mulher eram padrinhos do arguido e acolheram o arguido quando ele tinha apenas 2 anos e oito meses.Fizeram-no a pedido da Segurança Social, dado "os respectivos progenitores se encontrarem incapacitados de lhe prestar os cuidados necessários ao seu desenvolvimento saudável e harmonioso"."Desde então, passaram a tratá-lo como se seu filho fosse", destacou o tribunal.Anos antes do crime, o arguido começou a consumir produtos estupefacientes e álcool, em cuja compra gastava o pouco dinheiro que ia conseguindo com os "biscates" que fazia na montagem de portas automáticas.A situação gerou "insatisfação" no casal que, entretanto, começara a passar dificuldades económicas e que, por isso, queria que o afilhado contribuísse para as despesas da casa.As discussões foram sendo cada vez mais frequentes, sobretudo com a madrinha, mas a vítima mortal acabou por ser o padrinho, com quem, segundo o tribunal, o arguido até tinha "uma relação de proximidade".A vítima foi transportada ao hospital, ainda com vida, mas viria a morrer às 00h50 do dia seguinte, no decurso de uma operação a que estava a ser submetido.

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