Arquivo | 13-11-2013 08:41

Crise da poesia está na “fraca presença” em livrarias e escolas consideram Editores ibéricos

Editores de Portugal e de Espanha consideraram ontem, em Coimbra, que a pouca visibilidade da poesia nas escolas e nas livrarias é a principal dificuldade que o universo editorial atravessa na península ibérica."Só 30% das livrarias querem receber livros de poesia. Os editores quase que parecem traficantes que fazem isto na clandestinidade", constatou Fran Alonso, da editora galega Editorial Xerais, durante o encontro "Poesia e Edição", que decorreu ao fim da tarde de ontem no Teatro Académico Gil Vicente, no âmbito do programa Mostra Espanha, e que reuniu poetas e editores de Portugal e de Espanha.Manuel Borrás, da editora espanhola Pre-textos, considerou que é "raro encontrar um lugar onde o livro de poesia possa habitar numa livraria", salientando que "nada é pior do que ser-se desconhecido".A responsabilidade de dar visibilidade ao livro terá que "ser um trabalho a três - o leitor, o editor e os livreiros", de forma a que a poesia "perdure nas livrarias".Os leitores "deveriam exigir lugares para a poesia", frisou.Jorge Reis-Sá, antigo editor da Quasi Edições, também observa essa realidade em Portugal, referindo que, "do ponto de vista capitalista, é difícil colocar numa livraria um poeta em vez do Nicholas Sparks".A produção livreira "massificou-se", mas "há menos variedade", criticou o editor e poeta português.Durante a conversa entre os editores foi salientada também a "fraca presença" da poesia numa "classe de professores que não estão apaixonados pela literatura, que nem sabem quem é o poeta Ruy Belo", disse Jorge Reis-Sá, considerando que o aluno que se interesse por poesia "terá que trilhar o caminho sozinho".Para isso, segundo Fran Alonso, seria fundamental uma maior aposta "na poesia infantil", observando que, em cinco livrarias que visitou em Coimbra, apenas encontrou "dois títulos de poesia infantil".Sobre o intercâmbio de poesia entre os dois países, Jorge Reis-Sá disse que "é mais fácil publicar um poeta português desconhecido do que editar Antonio Gamoneda [prémio Cervantes em 2006]".Manuel Borrás apresentou a mesma visão em relação aos "poetas portugueses", contando que "custou muito vender 500 exemplares de uma obra de Eugénio de Andrade em Espanha".O editor espanhol pretende continuar a "apostar em poetas portugueses", considerando que estes "não têm o eco que deveriam ter em Espanha, pela importância que têm para a poesia universal".

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