Arquivo | 27-11-2013 10:42

Polícia impede marcha em Luanda alegando falta de autorização

A marcha que hoje começou em Luanda com destino ao cemitério de Santana foi impedida de avançar, um quilómetro depois da partida, por um cordão da polícia que alega não haver autorização para uma marcha apeada.A polícia impediu a continuação da marcha porque não está autorizada uma marcha apeada, disse à Lusa Lindo Bernardo Tito, porta-voz da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), o segundo partido da oposição, depois de o líder do partido, Abel Chivukuvuku, ter interrogado os agentes no local sobre o motivo da suspensão do protesto.A marcha está interrompida a uma distância de 200 metros da sede do comité provincial do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no Governo, por um cordão composto por cerca de 30 agentes da Polícia de Intervenção Rápida.A polícia já reforçou o contingente e no local estão dois carros com canhões de água, posicionados a cerca de 50 metros do início do cortejo.A marcha começou à hora marcada, com centenas de participantes, e dirigia-se ao cemitério de Santana para homenagear a única vítima mortal dos protestos anti-governamentais de sábado, Manuel Hilberto Ganga, mas ao fim de mil metros, num percurso que se previa de quatro quilómetros, um petardo foi disparado por desconhecidos contra a cabeça da marcha.Ao saírem do local de partida, junto ao quartel-general dos bombeiros, os participantes gritavam palavras de ordem como "Zedú assassino, exigimos justiça" e "Quem matou? MPLA assassino".Mas os dirigentes da oposição presentes no local obrigaram de imediato os participantes a limitar os gritos de ordem a "Exigimos justiça", evitando referências ao partido no Governo e ao Presidente da República.À cabeça do cortejo fúnebre está uma fotografia de Manuel Hilberto Ganga, amparada por dois membros do movimento revolucionário que patrocinou todas as manifestações anti-governamentais desde 2011, Adolfo Campos e Manuel Nito Alves.Este último, o menor de 17 anos acusado de ultraje ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, por ter imprimido camisolas com dizeres considerados ofensivos ao chefe de Estado, enverga uma dessas camisolas, onde pode ler-se "Zedú fora. Carrasco Nojento Ditador" e "Angola dos angolanos. Quando a guerra é urgente e necessária".A marcha está a ser acompanhada por um helicóptero da polícia e efetivos da polícia nacional angolana que estão armados apenas de cassetete e pistola.Colocados de forma mais discreta, alguns efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) mantêm o seu armamento habitual.A maior parte dos participantes na marcha enverga camisolas de cor amarela com a fotografia de Manuel Hilberto Canga na frente e, nas costas, a frase "Exigimos Justiça".Manuel Hilberto Ganga, dirigente da organização juvenil da CASA-CE, segundo maior partido da oposição, foi morto no sábado pela Guarda Presidencial angolana.Segundo a polícia angolana, Manuel Hilberto Ganga foi abatido com um tiro quando tentou pôr-se em fuga, na sequência de uma ordem de detenção por ter sido surpreendido, com outros elementos daquele partido, a violar o perímetro de segurança da Presidência da República.Oito militantes da CASA-CE foram surpreendidos por efectivos da Unidade de Guarda Presidencial a colar cartazes contra o rapto e presumível homicídio de dois ex-militares, há cerca de ano e meio, em Luanda, quando tentavam organizar uma manifestação antigovernamental.A versão da polícia refere que Hilberto Ganga foi morto ao pôr-se em fuga, incentivado pelos restantes sete detidos, mas um comunicado da CASA-CE, que cita um dos restantes sete elementos, António Baião, salienta que foram disparados dois tiros e não um, como alega a polícia.

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