Arquivo | 02-12-2013 17:27

Estudo aponta falhas na promoção de Portugal através do Festival da Canção

Portugal falhou na promoção do país através do Festival da Canção, conclui um estudo da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, cujas conclusões serão divulgadas em Fevereiro de 2014, assinalando os 50 anos da participação portuguesa no festival.“Nunca houve enquadramento político e financeiro para potenciar a exportação da imagem de Portugal a nível internacional”, disse à Lusa Jorge Mangorrinha, coordenador de uma investigação para apurar “Que imagem do país a televisão do Estado tem exportado através do Festival da Canção?”.O festival que a RTP produziu pela primeira vez em 1964, “com a aprovação e estímulo do Governo de [Oliveira] Salazar”, pretendia, segundo Jorge Mangorrinha, contribuir “para a melhoria da imagem externa do país e do regime”.A resposta, acrescenta o investigador, “não podia ter sido pior, pela rejeição à política portuguesa”.Por cá, porém, como em muitos países, ficava instalado o “bichinho” do festival que prendia, em frente ao televisor, milhões de pessoas de vários países.O festival “passou a funcionar como o grande acontecimento na área da música ligeira portuguesa, consolidando ou abrindo carreiras”, pelo menos até ao surgimento de outros concursos televisivos, refere o estudo a que a Lusa teve acesso.Apesar de algumas faltas de comparência (1970, 2000, 2002 e 2013), Portugal é “o país que participa há mais anos sem nunca ter vencido”, refere o estudo, concretizando que, em 50 anos, “apenas nove canções ficaram dentro do top 10 das posições finais”.Tal aconteceu, não por falta de qualidade dos cantores portugueses mas porque, “para ganhar o concurso, havia que promover poderosamente uma canção, organizar cocktails, distribuir pastas pejadas de informação e negociar entre delegações” e, por outro lado, manifestar vontade de organizar uma edição do festival, o que “podia ter sido uma oportunidade de assumir um papel significativo para a música portuguesa e para um impulso turístico”.O estudo salienta, porém, que “isso nunca foi previamente articulado com os serviços turísticos do Estado”, deixando passar a oportunidade de promover Portugal no concurso transmitido na televisão, na rádio e na internet, e que pode “atingir uma audiência de mil milhões de pessoas em simultâneo, curiosamente o mesmo número de turistas em todo o mundo”, pode ler-se no documento.Para os investigadores, “hoje não basta a imagem de um disco ou de um vídeo”. Trabalhar para a criação de uma imagem reconhecida do destino Portugal através do festival da canção, “passará por fazer apelo aos atributos dos produtos nacionais", por promover “uma crescente procura turística e interesse pela música portuguesa”.Para isso, Jorge Mangorrinha defende no estudo “uma estratégia conjugada entre interesses públicos e privados” que aborde, por um lado, o papel das canções que representam o país, o papel da RTP e os dos parceiros (como editoras ou empresas) e entidades “como o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Turismo de Portugal”.O estudo, com mais de 700 páginas, foi desenvolvido na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e teve como parceiros logísticos a Rádio e Televisão de Portugal, a Sociedade Portuguesa de Autores e a Hemeroteca Municipal de Lisboa.As conclusões do estudo coordenado por Jorge Mangorrinha serão apresentadas em Fevereiro de 2014, quando se completam 50 anos da participação de Portugal no euro festival.

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