Arquivo | 04-12-2013 13:25

Falsa funcionária da Segurança Social justifica crimes por falta de dinheiro para sustentar família

Uma mulher de 38 anos, que se apresentava como funcionária da Segurança Social, justificou hoje no tribunal do Funchal, onde responde por 17 crimes de furto, a sua conduta por falta de dinheiro para sustentar a família.“Na altura, só pensava que tinha de arranjar dinheiro para a casa”, explicou a arguida nas Varas de Competência Mista do Funchal.A mulher, com quatro filhos, um dos quais maior de idade, informou que estava desempregada, mas não auferia o respectivo subsídio, tendo solicitado apoio à Segurança Social, que chegou “sete meses depois” do pedido, mas posteriormente deixou de o receber.Confrontada pelo presidente do colectivo de juízes, Filipe Câmara, com o despacho de acusação, que lhe imputa 17 crimes de furto, nas formas qualificada e simples, consumada e tentada, a mulher reconheceu que “tem coisas que é verdade”, confessando ter-se assumido como funcionária da Segurança Social e da Cáritas e abordado pessoas idosas, atendendo à sua vulnerabilidade em termos de idade.Segundo o Ministério Público (MP), a arguida, como “não possuía rendimentos nem bens que lhe permitissem o seu sustento e do seu agregado familiar, gizou um plano” para se apropriar de dinheiro e de objectos com valor económico, “concretamente artigos e jóias em ouro”, que vendia nas lojas de compra e venda de ouro usado na cidade do Funchal.“Para o efeito decidiu abordar pessoas idosas na via pública, nas unidades hospitalares, nas instalações da Segurança Social e nas suas próprias residências, onde acabou por entrar” intitulando-se como “funcionária da Segurança Social ou voluntária de instituições de solidariedade social ou funcionária de outras instituições públicas”, refere o MP.Para o MP, nestes locais a mulher, detida preventivamente, encetava diálogo com as vítimas, prometendo “ajudá-las com alimentos, subsídios e resolução de outras questões”, ganhando, dessa forma, a confiança daquelas.À pergunta do magistrado do MP, José Paulo Oliveira, se tinha consciência de que algumas das suas vítimas também tinham dificuldades e que o dinheiro que recebiam das reformas não dava para pagar os remédios, a arguida respondeu: “Quando trocava o ouro pensava no mal que estava a fazer e ficava envergonhada e com remorsos”.A acusada garantiu, ainda, que o dinheiro que obteve com esta actuação “não era para mais do que comprar o pão para os filhos”.Já quando questionada pela sua defensora oficiosa, Lena Pacheco, a mulher informou que houve casos em que “algumas pessoas a convidavam para entrar em casa, porque necessitavam de ajuda”, acrescentando: “Estou muito arrependida. (…) Fiz o que fiz para eles [filhos] não irem parar a uma instituição”.Hoje, o tribunal ouviu, também, seis ofendidas. Uma referiu-se à arguida como a mulher que a “roubou”.“Tinha tudo [230 euros] dentro do porta-moedas”, disse a testemunha, afiançando que ficou sem dinheiro para comer, pelo que foi obrigada a recorrer a um vizinho para lho emprestar.

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