Arquivo | 13-12-2013 10:29

Sucessão de José Eduardo dos Santos e situação económica na agenda de Angola para 2014

A sucessão de José Eduardo dos Santos e a situação económica vão ser os temas que condicionarão Angola ao longo do próximo ano.O tema da sucessão de José Eduardo dos Santos, presidente desde 1979, foi colocado pelo próprio na agenda pública com a entrevista que deu à televisão brasileira Bandeirantes, em que reconhece estar há "demasiado tempo" no poder.Nessa entrevista, José Eduardo dos Santos foi mais longe do que é habitual ao referir que "diversos cenários" estão a ser testados no seio do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder desde a independência, em 1975.Em causa está o fraco apoio do "candidato" de José Eduardo dos Santos, o vice-PR Manuel Vicente, dentro das estruturas do MPLA, o verdadeiro centro de poder em Angola, cujo líder acumula o cargo com o de chefe de Estado.A falta de passado de militância partidária de Manuel Vicente é o principal óbice apontado pelos históricos, que estarão dispostos a encarar uma solução inédita e nunca testada em Angola: uma liderança bicéfala, com nomes diferentes para dirigir o partido e representar o país.Estes cenários são debatidos ao mesmo tempo que o país tenta acertar as contas com o crescimento económico, ao fim de dois anos de metas corrigidas sempre para baixo do inicialmente previsto.O Orçamento Geral do Estado para 2014 prevê um défice de 4,9 por cento e aposta forte no desenvolvimento do sector não-petrolífero, num esforço de diversificação da economia que tarda em apresentar resultados, com o objectivo de reduzir a dependência do petróleo, que representa, ainda, mais de 95 por cento das receitas de exportação.O aumento da despesa significa que Angola vai reforçar os investimentos em infraestruturas, desde estradas e caminhos-de-ferro até energia, para garantir racionalidade e resultados nos investimentos adicionais na agricultura e indústria.Quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto, a previsão é de 8,8 por cento, dois pontos percentuais acima da previsão do Fundo Monetário Internacional (6,3%).Trata-se de um valor generoso face à correcção em baixa do valor alcançado em 2013, e que foi de 5,1 por cento, menos também dois pontos percentuais que a previsão inicial.A correcção em baixa foi justificada com o longo período de seca, o crescimento abaixo do esperado no sector de petróleo e a má gestão da dívida pública.O optimismo para 2014 fundamenta-se ainda na manutenção de uma taxa de inflação entre os 7 e 9 por cento, o que conduz ao compromisso assumido nas eleições gerais de Agosto de 2012, e que valeram uma confortável maioria absoluta ao MPLA: crescer mais e distribuir melhor a riqueza produzida.Trata-se, todavia, de um compromisso que é diariamente posto à prova por parte significativa dos 19 milhões de habitantes, que vive com o correspondente a 1,4 euros/dia.Do lado de fora das decisões está a oposição parlamentar, limitada ao papel que lhe é deixado pelo poder mas que descobriu já no final de 2013 a novidade que é fazer oposição na rua, fora dos tempos eleitorais.Entre a sucessão de José Eduardo dos Santos e o comportamento da economia, resta um pequeno espaço para a oposição provar se a sua capacidade de mobilização para acções de rua será causa ou consequência no ano que vai entrar.

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