Arquivo | 29-07-2015 18:07

Máquinas apanham tomate mais rápido mas há quem tenha saudades da colheita manual

Encontrar ranchos de trabalhadores nos campos do Ribatejo a apanhar tomate é como encontrar uma agulha no palheiro. A rapidez das máquinas foi substituindo o demorado trabalho das pessoas mas há quem tenha saudades dos tempos em que o tomate era apanhado à mão, porque havia menos stress e menos desperdício. É o caso de Luís Vicente, 40 anos, de Benfica do Ribatejo (Almeirim), que já começou a colher os 380 hectares de tomate que plantou nos campos de Valada, concelho do Cartaxo. “O trabalho era mais calmo”, confessa. Agora “nada pode parar. Se para uma máquina é um problema porque o tomate já tem hora marcada para chegar à fábrica”, realça. Luís Vicente é quem conduz uma das três máquinas de colheita que decidiu comprar. O agricultor de Benfica do Ribatejo, que confessa que a produção de tomate dá para viver com algumas condições, explica que com a mecanização da apanha consegue apanhar numa hora aquilo que 60 pessoas apanhavam num dia, cerca de 60 toneladas. A mudança para a mecanização começou a ser feita há 20 anos. Cada máquina nova custa cerca de 150 mil euros. Mas é um investimento rentável mesmo tendo que pagar o aluguer dos terrenos, já que 70 por cento das terras cultivadas por Luís são alugadas.Nos campos de Alpiarça, João Mateiro, 67 anos, natural da vila, optou pela mecanização da colheita há cerca de 10 anos, primeiro com máquinas alugadas mas como tinha que “esperar pela disponibilidade”, de quem prestava o serviço, optou por comprar a sua própria máquina que é conduzida pelo filho, Pedro Mateiro, também ele agricultor. O agricultor de Alpiarça diz que se hoje a colheita fosse feita à mão, “não havia portugueses para trabalhar”. Mateiro, durante a reportagem de O MIRANTE, tinha quatro trabalhadores, todos estrangeiros, que vão na máquina para retirarem de um tapete rolante o tomate que não está em condições ou que é verde. Mateiro colhe 25 hectares em cinco dias. A colheita e o escoamento do tomate produzido na região mudaram muito nos últimos anos. Agora são as associações de produtores que fazem a gestão das cargas e definem, com base em contratos prévios, em que fábricas os agricultores colocam o tomate. Luís Vicente tem contrato com a APAVE - Organização de Produtores Agrícolas do Vale do Tejo, já João Mateiro é associado da Cadova - Cooperativa Agrícola do Vale de Arraiolos da Chamusca. Em Valada do Ribatejo o dia começa sempre às 8h00 e nunca se sabe quando termina. Com Luís Vicente trabalham 20 pessoas. Há algum desperdício, mas é “preferível que os verdes fiquem na terra a esperar que amadureçam, porque os mais maduros começam a apodrecer”, diz o produtor a O MIRANTE enquanto conduz a máquina. Para fazer a colheita de 25 hectares demora três dias com recurso a três maquinas e quatro tractores que puxam os reboques dos camiões que depois transportam a colheita para as fábricas. Luís Vicente diz que até ao final de Setembro estará feita a colheita dos 380 hectares.

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