Cultura | 20-10-2006 10:17

O doce e o amargo do Festival Nacional de Gastronomia

Os aspectos positivos e os negativos do Festival de Gastronomia que decorre até 5 de Novembro em Santarém são apontados pelo crítico gastronómico José Quitério, pelo presidente da Comissão Vitivinícola Regional Castro Rego e pelo representante dos restaurantes da região Paulo Oliveira.O modelo do Festival Nacional de Gastronomia (FNG) em Santarém está “estafadíssimo”. A opinião é do conhecido crítico gastronómico José Quitério, que alega que falta ao certame uma componente cultural, em vez do “enfardar comida” que acontece actualmente. Porque, defende, para se andar a comer e a beber não é preciso um festival. Para o crítico nascido em Tomar, a clientela do festival é na generalidade sempre a mesma, que “se organiza em grupos de excursionistas que têm como motivo os grandes almoços e petiscos”. Por isso recusa-se de há alguns anos a esta parte a ir ao certame. Que em seu entender devia ter trabalhos práticos em defesa da gastronomia e iniciativas que levassem as pessoas a falar do que comem. “Não há trocas de ideias à volta da comida. As pessoas sentam-se à mesa como há dezenas de anos, comem e vão-se embora”, critica, embora admita que também não tem ideias de outro modelo para o festival que todos os anos traz milhares de pessoas à Casa do Campino. Para o presidente da delegação de Santarém da ARESP (Associação da Restauração e Similares de Portugal) os aspectos positivos do FNG sobrepõem-se aos negativos. Paulo Oliveira aponta por exemplo o facto da iniciativa atrair anualmente muitas pessoas à cidade. E também divulgar o nome de Santarém e a gastronomia do país. Considera mesmo que a seguir à Feira Nacional de Agricultura o festival é o maior evento da cidade e da região.Mas Paulo Oliveira não pode também deixar de referir as queixas que a ARESP tem recebido dos seus associados de Santarém. Durante o festival os restaurantes da cidade têm grandes prejuízos com a falta de clientes. E para esse problema Paulo Oliveira não encontra uma solução. Acrescenta que até já foi feito um esforço no ano passado para meter quatro restaurantes escalabitanos no festival. Iniciativa que este ano não se vai repetir porque o antigo pavilhão da Holanda, onde operavam, está fora de serviço. Nos aspectos a melhorar estão, na opinião do presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo (CVRR), Castro Rego, os vinhos servidos nas tasquinhas. Que em seu entender deviam ser acompanhados e verificados por especialistas do sector, evitando desta forma que alguns que não estão ao nível do festival fossem servidos. “Sinto que há condições para paulatinamente o festival crescer em termos de exigência. Falta-lhe neste momento subir esse degrau”, salienta. Castro Rego lembra que esteve pela primeira vez no FNG em 1982 e que desde essa altura não houve mudanças significativas no seu modelo de funcionamento. “O modelo funciona, mas é preciso melhorá-lo”, defende. Como aspecto positivo, Castro Rego salienta a possibilidade que o festival abre para a divulgação dos vinhos ribatejanos. E que tem sido aproveitada pela CVRR.

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