Cultura | 09-05-2009 16:26

Mais de cinco mil bonecas no museu de Alcanena

Tudo começou com uma boneca, tinha Rosa Vieira sete anos, tão difícil de conseguir que havia de se tornar quase numa obsessão para esta mulher, que hoje, com 52 anos, é dona de mais de 5.200 bonecas.É esta colecção, reunida ao longo dos anos graças às doações de familiares e amigos, mas também aos donativos de fábricas, de desconhecidos e mesmo dos homens que recolhem os lixos, que Rosa Vieira apresenta, a partir de hoje, no pequeno museu feito em parceria com a Câmara Municipal de Alcanena.Luís Azevedo, presidente da autarquia, reconhece que este "sonho" de Rosa Vieira enfrentou "muitas vicissitudes" antes de se tornar realidade e que o espaço reabilitado para o acolher - o antigo jardim-escola da vila - é provavelmente pequeno para a dimensão do acervo, mas é também "um espaço de memórias da infância"."Não sei se tem as condições para ser considerado um museu, mas tivemos todo o cuidado para não ser apenas um depositário de bonecas", disse, frisando a preocupação da autarquia em entregar o projecto a pessoas qualificadas nesta área e a possibilidade de um dia vir a ter um espaço maior.A ideia do Museu da Boneca - que tem também uma pequena sala "hospital" onde Rosa Vieira trata das maleitas das bonecas que chegam "doentes" às suas mãos, as enfeita e lhes confecciona o guarda-roupa - nasceu vai para quatro anos, quando se lembrou de expor na vila parte das mais de mil bonecas que possuía na altura.Desde aí multiplicaram-se os contactos com a autarquia, mas também as ofertas, que fizeram a colecção crescer até aos mais de 5.200 exemplares actuais e, que, até há poucos meses, atulhavam literalmente a casa de Rosa Vieira.A dimensão da colecção obriga que a esmagadora maioria (mais de 4.300) esteja guardada na reserva, uma sala preenchida de prateleiras onde as bonecas estão cuidadosamente separadas de acordo com os materiais de que são feitas, aguardando a sua vez de serem olhadas nas salas abertas ao público."Gostaria de as ter posto todas, mas têm que ser expostas rotativamente, por períodos mais ou menos de seis meses, o que também ajuda na sua conservação", disse Rosa Vieira, não escondendo alguma dificuldade em ver as suas bonecas metidas dentro de vitrinas."Preferia vê-las ao ar livre, com vida, mas tenho que respeitar a opinião dos técnicos", afirmou.Logo no átrio da entrada, uma enorme vitrina mostra parte da colecção de "bonecas do mundo", exibindo ao lado o termo boneca em várias línguas, destacando-se, ao fundo, isolada, a primeira boneca de Rosa Vieira, aquela que a fez descobrir que o Pai Natal afinal não existia porque não chegou na noite de 24 de Dezembro de 1963, como tanto desejou."O meu pai resolveu comprar-ma dois dias depois do Natal" - disse -, tal foi a decepção que teve, mas mesmo assim só estava autorizada a brincar com ela duas horas aos domingos e desde que não tivesse cometido nenhuma traquinice."Como foi tão difícil, jurei que quando pudesse haveria de ter mais bonecas", uma paixão que levou a que para familiares e amigos passasse a ser muito fácil escolher um presente em dia de festa.A exposição estende-se por duas salas, onde, além das vitrinas, algumas bonecas "respiram" em cenários coloridos.Numa das salas reside uma das "raridades" da colecção, um boneco de fabrico alemão, com cabeça de porcelana, corpo em papelão e com um mecanismo de corda, de que existirão muito poucos exemplares no mundo e que se encontra em estudo."Foi-me oferecido por uma senhora de Santarém que chegou a minha casa com ele. Pensei que o trazia para eu o restaurar, mas não, ofereceu-me, o que foi muito gratificante", disse, sublinhando que a sua colecção é feita "de muitos afectos".Luís Azevedo afirmou que os alunos do primeiro ciclo do concelho têm entrada gratuita no museu, mas que este visa atrair um público mais abrangente, também proveniente de outros pontos da região e do país.

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