Cultura | 20-11-2018 12:30

Exposição presta tributo a Vila Nova da Rainha como berço da aviação militar

Exposição presta tributo a Vila Nova da Rainha como berço da aviação militar
ARTE

Quadros de António Six podem ser vistos até 11 de Dezembro na Biblioteca Municipal de Azambuja

Artista residente no Cartaxo, que fez carreira profissional como comissário de bordo, começou por pintar nus mas entretanto dedicou-se às aeronaves, que estuda minuciosamente antes de as replicar na tela.

Nasceu em Lisboa, nunca foi um aluno brilhante, mas a desenho sempre foi o melhor da turma. Entrou para a Força Aérea Portuguesa, aos 18 anos, onde esteve durante quatro anos a ver crescer a sua paixão pelos aviões. Fez os exames para piloto, mas chumbou nos testes psicotécnicos. Terminado o seu tempo de militar entrou para a TAP como comissário de bordo, onde passou 26 anos a rasgar o céu. António Six, de 70 anos, já está reformado, mas continua a voar, agora através do lápis e do papel.
A sua mais recente exposição conta com 25 quadros e está patente na Biblioteca Municipal de Azambuja até 11 de Dezembro. Através dela, o artista quer fazer justiça à localidade que é berço da aeronáutica militar portuguesa. “Espero que com os meus aviões consigam entender a coragem dos nossos pilotos, relembrando o papel importante daquela que foi a primeira Escola de Aeronáutica Militar, em Vila Nova da Rainha”, refere.

Natural de Lisboa mudou-se para o Cartaxo. Vive isolado numa casa de madeira e alheia-se do mundo quando está a desenhar aviões. Chega a passar mais de 10 horas seguidas naquilo. “Agora que estou reformado, só quero os aviões, os meus cães e a minha mulher”, ri-se, acrescentando: “É assim que estou bem na vida”. Começou por pintar nus e nos aviões estreou-se há seis anos, incentivado pelo filho, piloto de profissão. Agora, as estantes da casa já são estreitas para as dezenas de pastas que guardam a sua obra de 610 aviões pintados.

A curiosidade pela história da aviação leva-o a longas leituras e a estudar ao pormenor cada máquina do ar. Para não borrar a pitura, deixando detalhes fora do papel, o artista faz um estudo intensivo sobre as características do avião que vai pintar e escolhe um ângulo que lhe dê destaque. “Gosto de dar personalidade à máquina”, conta.

O Morane Saulniee Tipo H e o Caudron G3 são dois dos aviões desenhados por António Six que estão em exposição em Azambuja. “Estes estiveram em Vila Nova da Rainha e acompanharam os primeiros pilotos portugueses”, atesta. “A pista era em madeira e as condições de segurança deixavam muito a desejar”, mas foi nela que se formaram os pioneiros da aviação em Portugal, como Sarmento de Beires e Pinheiro Correia, alunos do primeiro curso da escola, inaugurada em 1916. “Há que dar valor e não deixar cair no esquecimento que foi aqui que esta história começou”, termina.

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