Desporto | 23-05-2009 08:50

Jogadores de Rio Maior acampados junto ao estádio e sem comer

Os jogadores da UD Rio Maior, da Série E da III Divisão de futebol, iniciaram sexta-feira, às 23h00, uma greve de fome, por terem seis meses de salários em atraso, após montar seis tendas à entrada do Estádio Municipal.“Exigimos respeito, basta de mentiras, temos família, somos cidadãos. Apelamos à FPF e ao Governo”, é a mensagem que os 21 jogadores do clube ergueram, depois de treinar e jantar, em frente ao “acampamento”.O capitão da equipa riomaiorense Militão enalteceu a “coragem” dos futebolistas, que vivem uma situação de “desespero”.“Nós já tentamos alertar de outras maneiras a cidade, as forças vivas, mas não conseguimos e é mesmo o desespero que leva a fazer um acto destes. Não é só um acto de desespero, mas também de coragem porque está a tornar-se rotina no futebol português estas situações, é natural o jogador não receber e os clubes ficarem a dever”, explicou.O defesa sublinhou que esta manifestação “não é para chocar ninguém, mas para pedir ajuda”, reiterando que será mantida a greve “até aparecer uma solução para as famílias”.“Nós gostamos é de jogar, nós queremos é jogar e vamos fazer tudo para jogar. Mas, é difícil passar aqui, se for o caso, duas noites e, domingo, jogar aqui ao lado. Nós queremos fazê-lo, mas não podemos ser sempre nós a dar o braço a torcer”, referiu Militão, quando questionado sobre a possibilidade de não comparecer ao jogo frente ao Sintrense, da oitava e penúltima jornada da fase final da III Divisão.Eduardo Rosa, da Comissão Administrativa da UD Rio Maior, que foi eleita a 26 de Março e apenas pagou por duas vezes vencimentos referentes a meio mês, reiterou a surpresa com a iniciativa dos jogadores, alegando que “não têm qualquer razão” por terem tido acesso ao método de pagamento dos vencimentos, num comunicado entregue ao plantel a 05 de Maio.“Se eles levarem para a frente esta iniciativa, perante o que se passou aqui hoje, perante a falta de respostas para connosco, se eles quiserem fazer a greve de fome estão à vontade para o fazer. Não seremos nós que os impediremos de a fazer, mas, não comparecendo ao jogo domingo, para nós a equipa sénior acabou”, frisou o dirigente.Recusando “agir sobre pressão” e considerando o protesto dos jogadores como “uma chantagem”, Eduardo Rosa manifestou-se “plenamente consciente” do risco de descida e suspensão por duas épocas caso falte domingo ao jogo.Acusando a anterior direcção, presidida por Albano Mota, de causadora deste “problema”, o dirigente riomaiorense considerou que “quem está a querer afundar o clube são os jogadores e os técnicos” e contestou ainda a comparência do presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), no local.Joaquim Evangelista justificou a presença como uma forma de solidariedade com o grupo de trabalho, para tentar “demovê-los a não praticar este acto que põe em causa a dignidade enquanto atletas”.“O presidente do sindicato não tem medo. Esta verticalidade é que vai prevalecer no futebol português, na defesa dos jogadores, porque chega de falta de respeito. Espero que, a bem do futebol e da dignidade destes jogadores, a Federação e o Governo possam minimizar e contribuir para resolver este assunto imediatamente”, afirmou Evangelista.Enaltecendo a “dignidade” e “coragem” dos futebolistas da UD Rio Maior, o sindicalista apelou a que “este exemplo sirva para os jogadores que passam por estes problemas e, por vezes, não os assumem, se mobilizarem na defesa que é fundamental, que é o direito ao trabalho e à dignidade”.Após terem sido disputados sete jogos na fase de subida da Série E da III Divisão, a União Desportiva de Rio Maior ocupa a terceira posição, com 32 pontos, menos 12 do que o líder Camacha.Domingo, a equipa riomaiorense recebe o Sintrense, quinto classificado.No início de Março, os jogadores fizeram um pré-aviso de greve, que entretanto suspenderam antes do jogo com o Camacha, evitando assim a desclassificação do clube, por falta de comparência numa das últimas três jornadas do campeonato.Antes do pré-aviso de greve, a 19 de Fevereiro, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol accionou o fundo de garantia salarial para apoiar os jogadores, disponibilizando 350 euros a cada um.

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