Desporto | 29-01-2013 13:23

Com o esforço dos clubes nenhum judoca vai deixar de praticar por causa da crise

Com o esforço dos clubes nenhum judoca vai deixar de praticar por causa da crise

António Manuel Pedroso Leal está ligado ao Judo desde os 16 anos de idade e não quer pôr um ponto final nessa ligação. Foi praticante, Mestre, árbitro, Presidente Direcção da Associação de Judo do Distrito de Santarém, membro fundador da Associação Nacional de Árbitros de Judo e é o actual Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Judo. No dia 23 de Março, pode vir a tornar-se vice-presidente da Federação Portuguesa de Judo se a lista que integra, liderada por João Carvalho das Neves (actual presidente do Conselho Fiscal), vencer as eleições.

Qual é a posição do Judo do Distrito de Santarém no todo nacional?As associações regionais têm muita dificuldade em apresentar trabalhos que se mantenham durante muito tempo. Porque estamos longe de centros de decisão e porque os atletas quando acabam a sua formação vão , na maioria dos casos, estudar para Lisboa e aí ingressam noutros clubes. O caso do Nuno Delgado é um exemplo. Nasceu no distrito de Santarém e depois acabou por ir para um clube de Lisboa quando já tinha uma série de medalhas nacionais. E não é caso único. O que acontece no Judo acontece a todos os níveis. A modalidade reflecte a realidade nacional. A procura da grande cidade onde há mais oportunidades.O interior vai perdendo peso. Vai ficando sem pessoas. A Associação de Santarém é importante no todo nacional embora na média e alta competição não tenha a relevância que poderia ter. Não é um bom objectivo compensador despertar o interesse pela modalidade e dar formação aos jovens praticantes?É um bom objectivo mas uma coisa não se pode dissociar da outra. O grande objectivo é fomentar o desporto em termos de praticantes mas se conseguirmos ter nos clubes do distrito atletas com bons resultados desportivos a nível nacional e internacional teremos certamente mais praticantes. A qualidade dos resultados e o prestígio dos atletas leva mais gente à competição. Mas claro que é compensador ver crescer os atletas. Vê-los ultrapassarem as dificuldades e crescerem.De uma maneira geral os cidadãos só se lembram que o Judo existe quando há Jogos Olímpicos e outras grandes provas internacionais onde estão grandes atletas e nessas alturas exigem medalhas. É justo que assim seja?Claro que não é justo mas compreende-se. Todos temos vontade de ver os nossos ganhar. Somos exigentes. Mas, fora dessas alturas das grandes competições, o judo merecia mais atenção dos órgãos de comunicação social nacional. Felizmente os jornais regionais dedicam-lhe alguma atenção.O que tem sido feito para melhorar a ligação do público em geral ao Judo?Mesmo sendo uma modalidade altamente qualificada para a realização humana, nos aspectos, físico, moral e psicológico, o Judo não tem a espectacularidade de outras modalidades nem beneficia de grandes patrocínios. Tem sido feito um esforço para tornar a modalidade mais atractiva para quem vê, nomeadamente ao nível da rapidez da competição, alterando algumas regras, e da transmissão de informação de forma a que qualquer pessoa possa interpretar o andamento de um combate. Estas regras que entraram agora em vigor vão nesse sentido. Antes só quem sabia bem as regras é que conseguia interpretar as vantagens e as marcações. De que forma é que o Judo está a ser afectado pela actual situação económica?A falta de afectação de recursos aos projectos por parte do Estado vai afectar a nível qualitativo, a participação internacional. Vai reduzir as experiências internacionais dos nossos atletas. E a nível local e distrital?Tudo vai depender da dinâmica dos clubes e do investimento dos pais dos jovens atletas. Há as despesas de deslocação dos atletas às provas regionais, as quotas que são pagas aos clubes, a aquisição dos fatos de Judo, a aquisição de outros materiais para a prática da modalidade. O número de praticantes vai diminuir.Hoje há clubes a desenvolver projectos de inserção social muito interessantes. Apoiam a compra dos fatos de judo. através de contratos de publicidade, emprestam fatos. Se as pessoas gostam mesmo da modalidade estou convencido que as almofadas que estão a ser criadas a nível dos clubes vão fazer com que nenhum praticante fique excluído. Mas é óbvio que a situação económica vai prejudicar o Judo e o desporto em geral.* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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