Economia | 15-03-2005 17:31

Industriais de curtumes pedem solução para tratamento de efluentes

Os industriais de curtumes esperam que o novo ministro do Ambiente tenha a "sensibilidade" e os recursos para acabar com a situação "insustentável" em que se encontra o sistema que trata os efluentes desta indústria em Alcanena.Pedro Carvalho, da direcção da Associação Portuguesa dos Industriais de Curtumes (APIC) e do Centro Tecnológico do Couro, disse hoje à Agência Lusa esperar que o Estado "assuma as suas responsabilidades" e que o novo Governo pegue agora num dossier que em três anos passou por quatro ministros.O sistema de tratamento dos efluentes das indústrias de curtumes de Alcanena, criado há quase duas décadas, foi o primeiro no país a introduzir o princípio do poluidor-pagador, uma "boa prática" que para a APIC nem sempre foi reconhecida."Fomos os primeiros com essa consciência social e hoje estamos a pagar a factura", disse Pedro Carvalho, lembrando os problemas que afectam o sistema, nomeadamente a rede de 40 quilómetros de emissários, que apresenta rupturas graves.Estas roturas implicam um duplo problema, o da contaminação dos solos e o da entrada de águas, nomeadamente pluviais, que depois vão entrar na contabilidade do caudal para tratamento.Apenas metade do caudal que entra para tratamento provém das fábricas de curtumes, "o que aumenta os encargos das indústrias, que pagam pelo caudal à entrada", disse o responsável, lembrando ainda que o encerramento de algumas empresas levou a um aumento de 35 por cento dos custos para as que se mantiveram ligadas.Quando foi construído, no início dos anos 80, o sistema custou, a preços actuais, cerca de 55 milhões de euros (7,5 milhões suportados pelas empresas) e precisa agora de investimentos na ordem dos 13 milhões, dos quais 3,7 milhões para a reposição dos colectores, sem contar com a solução para as raspas verdes (mais sete milhões de euros).Segundo Pedro Carvalho, o Estado "nunca cumpriu" o acordo assinado em 1993, que listava as obrigações de cada uma das partes, nomeadamente a das empresas pagarem os custos do tratamento.Em particular, contestou o facto de a Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena (AUSTRA) nunca ter sido autorizada a renegociar o contrato com a Luságua, o que só aconteceu muito recentemente, representando uma redução dos custos da ordem dos 30 por cento."O sistema custa à indústria três milhões de euros e temos andado a pagar mais um milhão por ano. Em 12 anos dava para pagar tudo", afirmou, acrescentando que as empresas "pagam hoje mais de tratamento de água e resíduos sólidos do que toda a conta para energia (electricidade e fuel), o que representa três por cento do volume de negócio".Esta situação, acrescida do facto de ao distrito de Santarém estar vedado o acesso a fundos comunitários (dada a sua ligação a Lisboa), dificulta a capacidade de resposta a um mercado que enfrenta grande concorrência, salientou.O sector dos curtumes, "produto extremamente valorizado, mas sujeito às oscilações de preços", factura anualmente cerca de 300 milhões de euros, emprega directamente 4.000 pessoas e destina cerca de 22 por cento a exportação (um valor substancialmente superior aos cinco por cento de há meia dúzia de anos).

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