Economia | 11-11-2015 17:45

Trabalhadores da Unicer protestam contra fecho de fábrica em Santarém

A vida dos 70 trabalhadores da antiga fábrica da Rical em Santarém, que a Unicer vai fechar em Abril do próximo ano, não vai ser fácil. Depois de comunicada a decisão de encerrar a unidade de produção e enchimento de sumos e refrigerantes em Santarém, a 8 de Outubro, os funcionários reuniram em plenário e manifestaram-se à porta da fábrica na quinta-feira, 5 de Novembro. Carlos Pimenta, com 48 anos, diz que não vai “conseguir arranjar trabalho em lado nenhum porque já deram cabo de mim” conta a O MIRANTE desiludido. “Andei aqui a trabalhar no auge da minha juventude para dar lucro aos accionistas”, desabafa. O funcionário não põe outra hipótese que não seja a fábrica continuar a laborar. “Neste momento é manter a fábrica aberta, temos esperanças até ao último minuto. A fábrica não pode fechar, senão para onde é que vamos?” questiona.António Venâncio tem três filhos, “o mais velho vai casar precisamente no mês em que a fabrica vai encerrar”, em Abril de 2016. António desabafa que não vai “conseguir ajudar o mais velho nem os mais novos que estão a estudar”. Confessa que “é muito triste chegar aos 53 anos e ser velho para arranjar emprego e novo para a reforma. Vão ser dias muito difíceis para mim, para os meus filhos, para a minha família”.Dias difíceis espera também João Martinho, 52 anos. João não acredita que consiga arranjar emprego, “se não há para os que têm 30 anos, como vou arranjar emprego?”, pergunta. Para Jorge Durão, 55 anos, a sua “vida vai ser uma incerteza, vai ser sofrer à porta da segurança social”.Os sindicatos anunciaram que os trabalhadores vão cumprir uma hora de greve por turno, durante cinco dias, entre 26 e 30 de Novembro. Fernando Rodrigues, representante do sindicato, acusa a administração de “defender lucros em cima de lucros e com a redução destas 70 pessoas levará a mais lucros para os accionistas”. Os trabalhadores da Unicer, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, pintaram faixas de protesto em Santarém que fixaram junto à fábrica da Unicer e à fábrica da Drinkin, onde supostamente vai ficar localizada a produção da fábrica de refrigerantes Rical que a administração da Unicer pretende encerrar.“Face à recusa da administração da Unicer em dar resposta à moção aprovada em plenário contra o encerramento da unidade de produção em Santarém e o consequente despedimento de 70 trabalhadores, a que acresce o despedimento de mais 70 trabalhadores em Leça do Balio, os trabalhadores da fábrica em Santarém deram início à luta pelos seus postos de trabalho”, lê-se em comunicado emitido pela União de Sindicatos de Santarém.Esta primeira acção de luta pretende “alertar a população do concelho de Santarém, para a injustiça de uma empresa que se afirma detentora de responsabilidade social e que no último ano propagandeou resultados de 40 milhões, pretender encerrar uma fábrica por uma questão de opção empresarial”.Os trabalhadores e sindicato pretendem também “alertar para o facto da Unicer ter recebido fundos do Estado Português, pagos com os impostos dos contribuintes, para agora voltar a repetir o ‘filme de terror’ que realizou em 2013 com o encerramento da fábrica da Super Bock em Santarém”.Com as faixas visam “dar um sinal à administração da Unicer que todas as acções têm consequências e devem estar preparados para as consequências que venham a decorrer do processo de encerramento da fábrica em Santarém”. A Unicer comunicou no dia 8 de Outubro a decisão de encerrar a unidade de produção e enchimento de sumos e refrigerantes em Santarém (ex-Rical), onde trabalham 70 pessoas, alegando quebras nas vendas para o mercado angolano.

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