Economia | 13-07-2017 02:07

Cimpor sai da bolsa somando prejuízos e deterioração de capitais

Cimpor sai da bolsa somando prejuízos e deterioração de capitais

População de Alhandra teme impacto da medida a longo prazo. Fábrica de Alhandra é uma das maiores empregadoras do concelho de Vila Franca de Xira e por isso o anúncio tem motivado alguma preocupação.


Com o controlo significativo de um único accionista, a somar prejuízos e sem liquidez nem forma de ir ao mercado reforçar capitais que têm sofrido uma “deterioração expressiva” nos últimos anos, a cimenteira Cimpor, que tem uma fábrica em Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira, vai sair da bolsa de valores.


Uma decisão com impactos a vários níveis, o primeiro dos quais não ficar à mercê de uma oferta pública de aquisição, bem como a desobrigação de prestar contas ao regulador do mercado – a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários – sobre, por exemplo, a sua performance financeira. Graças a esse mesmo regulador e ao relatório e contas que a cimenteira teve de enviar este ano, sabe-se que em 2016 a empresa agravou os seus prejuízos, passando de 80,4 milhões para 785,9 milhões de euros. O ano passado os capitais próprios da Cimpor rondavam os 408,9 milhões de euros negativos.


A situação tem levantado preocupação junto da comunidade já que a fábrica de Alhandra é um dos maiores empregadores do concelho de Vila Franca de Xira. A InterCement, do grupo brasileiro Camargo Corrêa, controla a Cimpor desde 2012 detendo 95,1 por cento do capital. O accionista já veio assegurar, em comunicado, que a saída da bolsa da Cimpor “não pretende afectar as actividades da companhia em Portugal ou nas restantes geografias onde opera”.


Mesmo assim as preocupações da comunidade foram levantadas na última sessão da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira. “A Cimpor era a grande empregadora da zona e está em grande declínio. Espero que não seja mais uma das fábricas que acabam por fechar aqui na zona”, lamentou Rui Perdigão, do Bloco de Esquerda e morador em Alhandra.
A Câmara de Vila Franca de Xira, pela voz de Vítor Félix, vereador com o pelouro da área financeira, assegura que a saída de bolsa é um procedimento “normal” para uma empresa que é “praticamente toda controlada por um único accionista” e garante que a Cimpor “ainda é” a décima maior cimenteira do mundo e que por isso não há “motivo para alarme”.


Em Alhandra para já o clima é de esperança de que o accionista brasileiro não se lembre de fechar a operação. “Seria muito mau para a vila, praticamente todas as famílias iriam ficar com gente desempregada em casa. Ia ser dramático”, confessa Odete Rodrigues, moradora a MIRANTE.



Futuro incerto e a ameaça do ‘Lava jacto’
Em reunião de accionistas da Cimpor em Junho, onde participaram 22 accionistas, foi aprovada por maioria a retirada da bolsa das acções da cimenteira, que já chegou a ser a maior multinacional portuguesa na bolsa até cair ao ponto de ser vendida em sucessivas privatizações. Na assembleia houve accionistas minoritários – donos de 4,9 por cento do capital - a votar contra a proposta da InterCement. Este resultado leva a que os donos da cimenteira possam agora comprar as acções dispersas, oferecendo um valor equivalente ao preço médio dos últimos seis meses de negociação, ou seja, 31 cêntimos.

*Reportagem completa na edição semanal de O MIRANTE AQUI

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