Entrevista | 07-01-2013 01:33

"O passeio ribeirinho de Alhandra é cultura"

"O passeio ribeirinho de Alhandra é cultura"

A directora adjunta do Teatro da Trindade, Catarina Romão Gonçalves, cresceu na vila de Alhandra à beira do rio Tejo.

De cada vez que regressa a Alhandra nota evolução?Alhandra é sempre uma surpresa. Alhandra sempre foi um monstro do associativismo e dos pequenos cafés. A Sociedade Euterpe Alhandrense é um pólo aglutinador de energia positiva de todos os géneros. Confere dinâmica à freguesia e por causa disso vem gente de fora. Ao fim de semana em Alhandra está sempre a acontecer qualquer coisa. Depois tem vindo a ser requalificada. Não se faz mais porque não há meios.Não é uma vila estagnada entre a A1 e o rio?Estagnada não é. Ao nível do comércio local era importante que houvesse mais dinâmica. Mas não é uma decisão política local que vai fazer a diferença quando ao nível central se estão a fazer políticas no sentido da desmobilização cívica. A cultura é o maior motor económico e de diferenciação positiva das economias.Então concordará com a ideia de João de Carvalho, candidato oficial do PSD às próximas eleições autárquicas em Vila Franca de Xira, de fundamentar uma campanha na cultura? Não promete obras. Promete cultura. É suficiente?Não há motor sem peças. A cultura pode e deve ser o motor mas os motores funcionam ao serviço de uma máquina. A cultura não pode funcionar por si só.O concelho não poderá viver só desse pão?Não pode viver só desse pão até porque é um pão que não dá sustentabilidade.E fala uma mulher da cultura...Absolutamente. O lucro da cultura nem deve ser esse. O lucro da cultura tem que ser por obrigação social e constitucional um lucro muito mais subjectivo que objectivo. Não se vive de lucro subjectivo mas tem que se criar uma estrutura envolvente, economicamente forte, que possibilite que as pessoas comam e sejam felizes. A mulher da cultura com quem está a falar formou-se em Direito porque sabia que o conservatório não chegava... Não se pode pensar em construir um teatro se não soubermos como vamos ter dinheiro para que ele funcione. É uma irresponsabilidade.Falando na bandeira de João de Carvalho - a cultura - que outras peças faltam na engrenagem?Acho que os políticos sabem responder melhor a estas perguntas. Acredito no esforço que tem vindo a ser desenvolvido pelas pessoas que lá estão. Tenho estado atenta e não tenho visto esbanjamento, o fazer só para mostrar que está feito e abandonar depois. O sítio onde nós estamos hoje, o passeio ribeirinho, é cultura. Há pouco estava no cais 14 a contar ao meu companheiro como é que se transportavam os melões do mouchão para cá. Ainda sou do tempo dos alguidares do peixe a saltar. O que é a cultura? É um enorme património sensorial e emocional que faz parte de todos nós. Há a cultura popular, patrimonial e edificada. Para mim não faz sentido passar e não ver o museu Sousa Martins, a igreja ou o pelourinho. Esta terra é parte da minha cultura. * Ler entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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