Entrevista | 03-10-2013 00:04

Se não conseguirmos aliviar o peso do deficit orçamental e da dívida pública vamos viver tempos ainda mais difíceis

Se não conseguirmos aliviar o peso do deficit orçamental e da dívida pública vamos viver tempos ainda mais difíceis

José Eduardo Carvalho lamenta a fragmentação do associativismo empresarial e diz que a convenção vai ser a maior jamais realizada em Portugal. Sobre a actual situação defende que a redução da despesa pública deve ser uma obsessão para qualquer governo. E toca em problemas sensíveis. "Ainda não vi ninguém demonstrar que se poderá diminuir o deficit orçamental sem mexer no volume de massa salarial das administrações públicas. E se o deficit orçamental não se corrige, continuará este nível insustentável de impostos que recai sobre empresas e trabalhadores".

Como é ser interlocutor privilegiado do governo numa altura de crise?Há matérias e dossiers que têm sido objecto de diálogo e discussão. Temos mantido uma posição clara. Este ou outro qualquer governo, na actual conjuntura está limitado a gerir o processo de insolvência do país. Deve por isso, haver uma base mínima de compreensão e colaboração para permitir a aplicação das medidas que são necessárias para sairmos da actual situação. A AIP tem defendido um conjunto de medidas que na óptica dos empresários poderiam, se fossem adoptadas, ajudar o tecido empresarial e o país. Quais são aquelas que considera fundamentais e que ainda podem ser implementadas? Reconheço que a situação é tão grave que dificilmente sairemos dela sem existir uma evolução da Europa. O mercado de capitais não acredita que consigamos pagar a dívida. Enquanto continuarmos com os deficits orçamentais que temos e com uma divida pública que põe em causa a solvabilidade da República, não podemos esperar qualquer melhoria da situação económica. Tem que se continuar a cortar na despesa pública.A exigência que fazemos a todos aqueles que defendem a economia de mercado e a permanência de Portugal no Euro é que tenham a redução da despesa como obsessão. É impossível a divida pública continuar a crescer 10,5 mil milhões por ano. Enquanto esta situação persistir não podemos reduzir custos fiscais, não teremos evolução positiva nos custos de financiamento. Veja-se a reforma fiscal. Com os constrangimentos orçamentais existentes, apesar de propostas e medidas positivas que ela consagra, é impossível obter resultados.A questão da revisão da Taxa Social Única (TSU) tem que voltar a ser equacionada?Reagiu-se de forma emocional a este debate. Todos sabemos que temos uma taxa de câmbio real sobrevalorizada, isto é, há uma relação desequilibrada entre o preço da produção nacional e o preço da produção estrangeira.Como se pode resolver essa situação?Se não podemos e ou não queremos utilizar a inflação e desvalorização cambial, então temos de desvalorizar a taxa de câmbio real, ou seja, baixar os preços de produção face aos nossos concorrentes. A redução dos custos laborais pode ser feita através da redução dos salários nominais ou da redução da carga fiscal que incide sobre a massa salarial. O ajustamento com efeitos imediatos só através destes mecanismos. Não fizemos redução dos salários nominais e também não conseguimos reduzir a carga fiscal que incide sobre a massa salarial. Perante isto, parece-me, e infelizmente para todas as empresas, que "enterrámos" a redução da taxa social única para muitos anos.* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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