Entrevista | 06-11-2013 15:35

Crimes de violência doméstica são os que mais ocorrem no concelho de Vila Franca

Crimes de violência doméstica são os que mais ocorrem no concelho de Vila Franca

Apesar dos números da criminalidade no concelho estarem a diminuir o comandante da divisão de Vila Franca de Xira da PSP não é um homem tranquilo. António Pinto Aires, 57 anos, lamenta que hoje a polícia seja vista como a má da fita e confessa que todos os meses há agentes agredidos física e verbalmente. O subintendente diz que os crimes de violência doméstica, os mais frequentes no concelho, são os mais difíceis de identificar e combater.

A maior parte das queixas registadas pela PSP no concelho de Vila Franca de Xira é de casos de violência doméstica. Nos primeiros nove meses deste ano a polícia registou 214 crimes deste género. Muito mais que os furtos de residências, estabelecimentos comerciais e de veículos. O comandante da divisão policial de Vila Franca de Xira, subintendente António Pinto Aires, refere que o crime de violência doméstica é o mais difícil de identificar e de investigar. As situações ocorrem em parte devido à crise e em agregados familiares que são vítimas de desemprego prolongado. Na área da PSP, que só não policia Castanheira e Vialonga, a violência doméstica tem mais incidência nas cidades de Vila Franca e Alverca. Os crimes de furto de veículos e lojas ficam nas estatísticas muito abaixo, com 140 ocorrências. Desde o início do ano a polícia já registou um total global de 1775 ocorrências, o que representa uma diminuição de 1,6 por cento face ao mesmo período do ano passado. “Mesmo assim não se pode dizer que o cenário seja bom. Não está bom aqui nem em lado nenhum. Na Área Metropolitana de Lisboa o concelho de Vila Franca é o que regista uma tendência de diminuição da criminalidade”.O subintendente compreende que as pessoas digam erradamente que há mais criminalidade, justificando que o que existe é uma maior divulgação dos casos com mais impacto social, como os furtos dos supermercados ou gasolineiras. As zonas do concelho mais sensíveis e onde se registam mais focos de criminalidade são o percurso entre a estação de comboios e o centro da cidade da Póvoa de Santa Iria, a zona de Arcena, o centro do Sobralinho e o bairro de Povos em Vila Franca de Xira, revela o comandante. António Pinto Aires além de estar preocupado com a criminalidade em geral tem vindo a ficar inquietado com os crescentes casos de polícias injuriados e agredidos em serviço. E todos os meses ocorrem situações destas. “As pessoas hoje não respeitam a polícia como antigamente. Mas não é culpa da polícia nem das pessoas. É culpa da evolução social que tem caminhado com os valores completamente invertidos. Quando andei na escola cresci debaixo de princípios de respeito. Hoje em dia não há nada disso, o mundo é cada vez mais egoísta, cada qual luta e vê os seus interesses pessoais primeiro em detrimento de uma vivência mais saudável entre pessoas. Isso também prejudica o nosso trabalho. Antigamente um polícia isolado numa situação era ajudado pela população. Hoje não, ainda ajudam o criminoso a fugir”, lamenta.O facto de Vila Franca ser servido por bons acessos rodoviários dificulta o trabalho da polícia, que desde o início do ano já realizou 645 operações de fiscalização no concelho. Os eixos viários “permitem um deslocamento rápido” dos criminosos. Mesmo assim o comandante considera que o concelho é uma zona pacata. “Não se pode comparar Vila Franca com Sintra, Mem Martins, Damaia ou Amadora”, refere. António Pinto Aires gostaria de ter uma nova esquadra de Vila Franca de Xira o mais “rapidamente possível” e diz que há uma boa relação entre a polícia e as autarquias e que são estas que, muitas vezes, dão informações sobre vários casos que se passam na comunidade.Um polícia que vai às touradas em Vila FrancaAntónio Manuel Pinto Aires, 57 anos, é natural de Nave de Haver, concelho de Almeida, distrito da Guarda mas já vê o concelho de Vila Franca como a sua segunda terra. É subintendente e comandante da divisão de Vila Franca da PSP desde 2010. Apesar de viver em Santo António dos Cavaleiros (Loures) é em Vila Franca que passa boa parte do tempo. É um aficionado e por isso assiste às corridas de toiros que se realizam na praça Palha Blanco. Costuma caminhar e andar de bicicleta nos novos parques ribeirinhos do concelho. Antes de ser polícia trabalhou no estrangeiro a fazer de tudo um pouco, desde jardineiro a pedreiro. Entrou na PSP em 1981 e tirou a licenciatura em ciências policiais. Chefiou a divisão de administração e apoio geral do comando de Lisboa da PSP, comandou a 5ª divisão na Penha de França e as divisões de Cascais e Loures. Fez uma comissão de três meses na Guiné. Lê pouco mas considera-se um autodidacta na música, tocando viola, acordeão e órgão. Gosta de música dos anos 60 e 70 e ama o fado. Quando era miúdo dizia aos professores que gostava de ser taxista. Quando se dedica a uma coisa, sublinha, gosta de a fazer bem e com rigor.Carros patrulha são mal estimadosO comandante da divisão de Vila Franca da PSP admite que há muitos carros avariados e outros que circulam quando já foram dados para abate, mas reforça que cabe aos agentes estimar o material. “Gostaríamos de ter mais viaturas mas temos de viver com o que temos. Não podemos fazer rali com as viaturas”, salienta. António Pinto Aires critica o facto de os agentes a quem são atribuídas as viaturas por vezes não terem “o cuidado devido com elas”. A divisão tem 39 viaturas, das quais 11 estão inoperacionais. António Pinto Aires defende também a existência de três esquadras no concelho ao invés de uma única mega-esquadra. Dessa forma, diz, está salvaguardado o elemento de proximidade às populações.

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