Entrevista | 19-11-2015 10:54

De Benavente para o topo do futebol sem esquecer as raízes ribatejanas

De Benavente para o topo do futebol sem esquecer as raízes ribatejanas

Aos 18 anos, quem quer ver Gonçalo Guedes feliz é à mesa com os amigos de infância e com a família. Pai do atleta garante que voltaria a estourar os mesmos carros para o levar aos treinos e torneios.

Gonçalo Guedes é o mais recente internacional A de futebol do Benfica, é titular na equipa principal das águias e toda a vida corre-lhe às mil maravilhas. Mas quem o conhece assegura que o sucesso não lhe subiu à cabeça nem lhe mudou o comportamento. Para o jovem de 18 anos, o regresso a Santo Estêvão ao final do dia, os jantares com os amigos da escola e o convívio com os pais, na companhia de um bom torricado, continuam a ser o que mais cativa o atleta.Quem o garante não podia estar mais credenciado para o fazer: Rogério Guedes, pai de Gonçalo, acompanha o filho desde os primeiros passos no futebol e não tem dúvidas de que Gonçalo está onde queria, o que já se previa desde os seis anos. “No primeiro jogo que fez pelas escolas do Benfica, em Lourel, o Benfica ganha 5-0 com os cinco golos do Gonçalo. Depois começaram os torneios por todo o país, as viagens para o levar e trazer aos treinos durante 10 anos. Chegava a fazer quase 200 km por dia, porque trabalhava em Lisboa e vinha buscá-lo a Benavente, ia de novo e depois voltava. Os fins-de-semana já eram um passeio. Foi assim que estourei alguns carros nas viagens”, confessa.Rogério diz que valeria sempre a pena o esforço. O brilho nos olhos é intenso quando fala dos filhos. Sim, porque Gonçalo tem um irmão, mais velho, que também jogou, mas abandonou a carreira para se dedicar ao curso de Relações Internacionais, profissão que já exerce. Mas Gonçalo foi mais teimoso e singrou.“Sinto um enorme orgulho, porque nunca pensei que acontecesse. A partir de certa altura passei a acreditar e foi aí que, aos 16 anos, ele disse que não conseguia jogar e estudar. Sempre decidiu que ia ser jogador, por isso é que nunca lhe conheci outro brinquedo que não a bola. Sempre foi muito mais de estar com os amigos, ir jantar com eles, que são os da creche e escola”, refere.Quando olha para o filho, Rogério já não vê o mesmo miúdo, mas aponta-lhe características que nunca mudaram como o facto de não gostar de viajar, dormir nas viagens e até chegar a enjoar no carro. “É humilde, bom carácter e um pouco despistado. É irreverente, nunca está parado. É de decisões rápidas, raramente se chateia. Ele mora aqui na minha casa em Santo Estêvão. Aos 15 anos foi para um apartamento sozinho que aluguei. Agora ou vem para cá, ou fica com a namorada”, salienta.Só há pouco tempo é que Gonçalo tirou a carta de condução e gosta de conduzir o seu BMW série 4, mas um dos maiores prazeres que tem são as tradições ribatejanas. “Adora a sardinha assada de Benavente, gosta das festas de Santo Estêvão, de toiros e de ir às corridas. Para comer é do melhor que há. Adora torricado, enchidos, gosta de provar comida das regiões que visita. Cozinhar é que só sabe fazer o básico”, brinca o pai.Não tem ídolos e não lê jornais desportivosComo não podia deixar de ser, a família tem uma vasta colecção de camisolas, chuteiras, medalhas, taças e recortes de jornais. Algo a que, parece, todos ligam mais que o atleta. “Não tem ídolos, não vê futebol, vê um jogo ou outro, não perde tempo a ler jornais desportivos, até nem gosta de ler”, garante Rogério. No entanto, pensa e diverte-se com o futebol, mas a garantia é de que encara a actividade com tal profissionalismo que só o fazem querer estar no topo.“Estou preparado para o ver ir para fora, mas isso já não somos nós que comandamos. É ele e o clube. Não tem nenhum clube de eleição lá fora, mas eu gostava que ele ficasse no Benfica muitos anos. Eu gostava de o ver em Inglaterra, porque acho que tem características para o futebol inglês. Mas quero é que ele seja feliz”, concluiu.

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