Entrevista | 24-07-2016 14:34

Fiscalidade tem que deixar de ser arma política ou a solução para problemas da economia

Fiscalidade tem que deixar de ser arma política ou a solução para problemas da economia
ENTREVISTA

José António Barros lidera a Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas.

Em Santarém é conhecido por ter estado na fundação da GARVAL, Sociedade de Garantia Mútua, em 2002. Foi presidente da Associação Empresarial Portuguesa (associação a que continua ligado como presidente da Assembleia Geral), primeiro vice-presidente da CIP e actualmente lidera a Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas criada pelo Governo. Nesta entrevista a O MIRANTE faz o balanço do seu trabalho e afirma que “com apenas um por cento do IRC vamos beneficiar mais de trinta mil empresas” e deixa o aviso: “a fiscalidade vai ter que deixar de ser arma política ou a solução para todos os problemas da economia”.

Fundou e dirigiu instituições destinadas a facilitar o acesso das empresas ao crédito bancário, nomeadamente a GARVAL em Santarém. Agora está numa estrutura para reduzir a dependência da banca.

As empresas portuguesas estão super-alavancadas. Estão mais endividadas junto da banca do que a maior parte das empresas europeias. A Banca também se ofereceu muito numa fase em que queria expandir o crédito rapidamente. Foi pró-activa. Foi junto das empresas oferecer dinheiro com alguma facilidade e com menos critério. O que justifica a quantidade de mal parado que existe actualmente.


O que deve ser feito agora?

Nós temos, em primeiro lugar, de mobilizar as empresas para formas de financiamento diferente, desde logo no mercado de capitais. Eu próprio usei isso na cerâmica Cinca que era da minha família. Foi há muito tempo, nos anos oitenta. Coloquei a empresa em bolsa com sucesso, fomos a segunda empresa portuguesa a ir à bolsa. O mercado de capitais é uma fonte de financiamento em todo o mundo. As empresas financiam-se em 70 ou 80 por cento no mercado de capitais e em 20 por cento na banca. Aqui é precisamente ao contrário.


As empresas têm que reduzir a dependência da banca.

Reduzir a dependência da banca quer dizer, essencialmente, ir buscar recursos; ir buscar dinheiro a outros lados. Ir buscar dinheiro onde ele existe. Aos grandes fundos de investimento, nos privados...há muitas sociedades que estão dispostas a investir em empresas desde que vejam um bom risco e uma boa capacidade de prémio; de ganhar dinheiro.

Antigamente punha-se o dinheiro a render no banco...

Quando as taxas de juro estão nos valores em que estão há aqui uma motivação adicional. Antes as pessoas ainda podiam pensar que pôr dinheiro nos bancos era um bom negócio, agora sabem que não ganham, de certeza. E não falo das más experiências. Falo sobretudo nas taxas de remuneração que, neste momento, não permitem a ninguém viver dos rendimentos se puserem o dinheiro nos bancos.


As empresas têm que mudar de mentalidade.

O mundo globalizou-se. A circulação da informação globalizou-se. A circulação de mercadorias globalizou-se. O conhecimento globalizou-se. Nesta situação os empresários também têm que se globalizar ou não vão a lado nenhum.

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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