Entrevista | 10-11-2016 17:30

"Há um virar de costas entre mim e o presidente da concelhia de Salvaterra"

"Há um virar de costas entre mim e o presidente da concelhia de Salvaterra"
ENTREVISTA

Presidente da câmara, Hélder Esménio, filia-se no PS de costas voltadas para o líder da concelhia, Nuno Antão.

Por esta primeira parte da entrevista ao presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, percebe-se que Hélder Esménio não pode ver o líder concelhio do partido nem pintado. O autarca, que esteve quatro anos na oposição e está há três na presidência, diz pela primeira vez publicamente o que o separa de Nuno Mário Antão. Antecedendo a segunda parte da entrevista mais centrada no trabalho autárquico e nos projectos, a publicar na próxima edição, o presidente salienta que a concelhia não é capaz de mobilizar os socialistas e tem feito mais oposição que os partidos da oposição. Eleito como independente, Esménio filiou-se este ano. Será para tomar conta do PS de Salvaterra de Magos?

Deve ser um autarca especial para ser a secretária-geral adjunta do PS a comunicar a sua recandidatura pelo partido, pelo qual foi eleito como independente.

É um orgulho para um presidente de câmara, que foi candidato independente em 2009 e que em 2013 ganha as eleições, que a nacional e a distrital do partido o convidem e reconheçam nele o mérito para voltar a ser candidato. No congresso foi decidido que os presidentes em funções serão candidatos às autárquicas de 2017 e esta será uma situação que decorre dessa decisão.

Mas o normal é ser a estrutura local a fazer esse papel.

Temos uma concelhia do PS que não tem tido actividade política. Tanto quanto vou tentando perceber também não reúne. Quando temos uma liderança do PS de Salvaterra de Magos que, dias antes do anúncio da minha recandidatura, diz que este presidente nunca foi nem é o presidente que escolheria, se calhar isto pode ajudar a explicar a opção feita pela nacional e pela distrital do partido.

Sendo eleito pelo PS não tem qualquer contacto com o partido a nível local?

Como a concelhia não reúne está tudo dito. Tenho contacto com toda a gente do PS. Separo a liderança da concelhia, de Nuno Mário Antão, dos autarcas eleitos pelo PS, e não a confundo com o órgão que é a concelhia e cujas posições ninguém conhece porque nunca reuniu.

Os militantes estão divorciados do partido?

Não gostaria de pessoalizar as questões, até porque nada me move pessoalmente contra Nuno Mário Antão. Quando um concelho consegue levar quase três centenas de pessoas a participar nas primárias para a eleição de António José Seguro ou António Costa, isso diz muito da alma socialista que o concelho tem. Mas a concelhia do partido não conseguiu capitalizar este movimento e participação e não fosse o trabalho autárquico, o PS em Salvaterra de Magos era inexistente.

Quer dizer que autarcas eleitos como independentes fazem mais pelo partido?

Os militantes participam da vida autárquica do concelho, o problema é a estrutura que, por incapacidade, não tem sido capaz de reunir em torno dela os socialistas. Também é verdade que eu e o presidente da concelhia não temos uma relação pessoal forte. Mas existe um conjunto de militantes e filiados do PS importantes, com valor, com mérito. Tenho contactos, relações de trabalho excelentes, cordiais, empenhadas de motivação com o presidente da assembleia municipal (Francisco Madelino), que é um distinto militante do PS local.

O que esperava da concelhia do partido?

Este presidente de câmara foi vereador na oposição durante quatro anos, desenvolveu trabalho com as suas equipas, para a câmara, assembleia e freguesias, que permitiu ao PS chegar ao poder em 2013. Era expectável que tivesse já convencido o líder local do partido, de que é uma pessoa empenhada, que trabalha, que é congregador e que não trabalha para o PS mas para o concelho.

Quanto mais se caminha mais os presidentes da câmara e do partido se afastam.

O trabalho que temos vindo a fazer é muito positivo, estamos no terreno todos os dias, junto das pessoas e das colectividades, estamos a fazer obra em todo o concelho. Era expectável que Nuno Mário Antão reconhecesse isto, o problema é que existe uma posição pessoal do líder socialista que não é coincidente com a minha, nem na maneira de olhar a política nem na maneira de estar no poder local. Há de facto um virar de costas

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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