Entrevista | 10-12-2016 10:04

"Na Lezíria um cavalo não é só um cavalo"

"Na Lezíria um cavalo não é só um cavalo"
ENTREVISTA

Escritora Ana Maria Magalhães recorda a O MIRANTE episódios da juventude passados no Ribatejo.

Com a escritora Isabel Alçada lançou a colecção Uma Aventura que muitas crianças desde os anos 80 leram e que ainda hoje é um sucesso entre os mais jovens. Quando teve um cancro, decidiu que tinha de passar para o papel as memórias de família. Uma parte importante da sua vida passa pelo Ribatejo. Em Salvaterra de Magos deu as primeiras aulas e apaixonou-se por marialvas. E escreveu Uma Aventura no Ribatejo.

"Quando atravessávamos a ponte de Vila Franca de Xira, onde ainda se pagava portagem, tínhamos a agradável sensação de estar a pagar bilhete para entrar noutro mundo". É assim que a escritora começa por descrever a altura em que o Ribatejo entrou na sua vida, tinha ela 15 anos. Era a década de 60 e Ana Maria Magalhães teve o privilégio de conhecer a terra no seu estado mais puro: "Na lezíria um cavalo não é só um cavalo. (...) Ser campino não equivale a ser vaqueiro. Touradas não são romarias", escreve na autobiografia "Tudo Tem O Seu Tempo", lançada em 2012, pela Caminho.

Decidiu escrever este livro quando, em 2002, soube que tinha cancro. "Pensei que ia morrer e eu sou a guardiã de muitas histórias de família, queria que os meus netos as conhecessem", explica. Enquanto durou o tratamento - fez quimioterapia e radioterapia, ficou careca - "entreteve-se" a recordar tudo o que tinha vivido e ouvido contar na família. O padrasto, João Ramalho, é de Salvaterra de Magos. Foi ele quem devolveu o amor a Tareka - nome pelo qual é conhecida a mãe da escritora - e os apresentou ao Ribatejo. Ainda hoje a mãe mora na terra que no início a olhou com espanto e desconfiança...

Ana Maria Magalhães tem hoje 70 anos e durante quatro décadas foi professora de Português e de História de Portugal do segundo ciclo - deu aulas durante quatro anos em Salvaterra de Magos. Pesquisar era algo que sabia fazer bem e quando mostrou o que tinha escrito ao marido - Zeferino Coelho, editor da Caminho (editor de José Saramago, o único Nobel português da Literatura) -, este disse-lhe que teria de publicar a obra. "Porque é um livro que mais do que contar histórias de família, retrata uma época".

Durante dez anos - entretanto lutou e venceu a doença - dedicou-se a puxar pela memória, a chatear primos afastados, a recolher o máximo de informação para não faltar à verdade e não esquecer o pormenor. "Foi difícil. Houve momentos alegres e outros tristes. Era como se estivessem sentadas à minha mesa as pessoas que já tinham partido e que me faziam tanta falta. Tive de ir fazendo paragens...".

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1657
    27-03-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1657
    27-03-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo