Entrevista | 01-04-2017 12:03

"Quero ser mais livre que os filiados nos partidos"

"Quero ser mais livre que os filiados nos partidos"
ENTREVISTA

Ricardo Hipólito é presidente da mesa da Assembleia de Freguesia de Alpiarça e guardião de memórias locais.

Ricardo Hipólito entrou e saiu das estruturas do PCP quando era jovem e nunca mais sentiu necessidade de estar filiado, porque quer ser um pouco mais livre que os outros, os filiados. Nos últimos anos tem ocupado o seu tempo livre, depois do trabalho, a recolher memórias das pessoas de Alpiarça.

É um guardião de vivências, de um património imaterial que se mede por 600 gravações de conversas. Aos 59 anos vai receber uma medalha no dia do concelho de Alpiarça, a 2 de Abril. Ricardo gosta de agir e pensar livre e nesse registo diz lamentar a falta de respeito que a política atingiu nos últimos tempos em Alpiarça, o que só tem dado uma imagem negativa e prejudicial do concelho.

É presidente da Assembleia de Freguesia de Alpiarça e confessa que, apesar de tudo, a política continua a fazê-lo sonhar e que, se todos se unirem com as diferenças de cada um, é possível melhor o seu concelho.

Vai receber uma medalha no dia do concelho porque já fez o suficiente pela terra?

Nunca se faz o suficiente pela terra. É um gesto que não me é indiferente e fico contente.

O vereador Francisco Cunha votou contra, isso não retira importância à distinção?

Em termos genéricos julgo que sim. Em termos pessoais o Francisco Cunha deve ter alguma coisa contra mim por isso é coerente com ele próprio. Só mostra a coerência por parte dele.

Não fica magoado?

Ele tem qualquer coisa contra mim e demonstrou-o. Claro que seria muito mais agradável se tivesse existido unanimidade. Em termos partidários, há alguém que acha que ainda não fiz o suficiente pela terra.

Que presente daria a Alpiarça no aniversário do concelho?

Gostava de conseguir despartidarizar a vida em Alpiarça. As pessoas devem defender as suas posições mas a vida tem muito mais que os partidos.

Acredita que alguma vez vai ser possível acabar com a radicalização partidária no concelho?

Já tive mais esperança. Não consigo compreender porque é que isto acontece. Sou uma pessoa de paixões, gosto de defender as minhas causas mas entrar em irracionalidades como vejo em Alpiarça é um exagero. Não consigo perceber de quem é a culpa.

Qual é a sua verdadeira ligação ao Partido Comunista Português?

Não sou filiado, mas esta é a força política que me é mais próxima. Faço parte do seu projecto político da CDU. Algumas pessoas pensam, ou pelo menos pensaram, que eu queria protagonismo político quando comecei a publicar os cadernos culturais.

Porque é que não se filiou no PCP?

Fui filiado na União dos Estudantes Comunistas (UEC) e em 1979 saí por divergências ideológicas. Achei que o caminho que as coisas estavam a tomar não era o melhor.

Chateou-se com a política?

Sou um bocado individualista, gosto de pensar por mim e os partidos, por vezes, cerceiam os indivíduos. Quero ter a minha independência.

Não concorda com a disciplina partidária?

Aceito que quem está filiado tenha que o fazer mas essa é uma das razões para não me filiar em partidos. Não quero dizer que os que pertencem aos partidos não sejam livres mas quero ser um bocadinho mais livre que outros. Respeito e acho que numa democracia fazem falta os partidos mas os partidos têm que melhorar.

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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