Entrevista | 24-03-2019 18:00

Grupo Desportivo Choutense quer recuperar vida associativa na aldeia

Grupo Desportivo Choutense quer recuperar vida associativa na aldeia

Colectividade esteve sem actividade durante dois anos e foi agora reactivada.

A Chamusca perdeu muita população, o Chouto acompanhou a tendência. Os jovens não querem ficar porque não há trabalho. “Têm que ser as colectividades a tentar recuperar a vida nas aldeias”, refere a presidente da nova direcção.

Cidália Carvalho é a nova presidente da direcção do Grupo Desportivo Choutense. A direcção, composta por 23 elementos, resulta da única lista que se apresentou a eleições e tomou posse no dia 17 de Fevereiro. A colectividade do Chouto, concelho da Chamusca, esteve inactiva durante dois anos e este grupo de populares pretende agora recuperar algumas actividades perdidas que davam vida à aldeia para atrair os jovens e dar vida aos mais idosos.

A motivação da direcção para agarrar neste projecto começou quando alguns dos dirigentes, amigos de longa data, foram-se apercebendo que a aldeia estava estagnada. “Quisemos pôr mãos à obra e contrariar esta tendência”, refere a presidente da direcção. “Temos sido ao longo dos anos uma aldeia com grande dinamismo associativo, como por exemplo a Feira de São Pedro, que teve um enorme peso a nível do concelho da Chamusca e, quando recordo tudo o que se fez até aqui, entendo que o associativismo sempre existiu, mas foi-se perdendo”, lamenta a presidente a O MIRANTE.

“O nosso papel na aldeia de Chouto é de a fazer acordar a população. Queremos dar alegria aos mais velhos que aqui passam os seus dias, mas queremos também ser um motivo que puxe os jovens que saíram daqui para estudar ou trabalhar, para que tenham vontade de voltar aos fins-de-semana, de modo a não esquecerem as suas raízes”, sublinhou a presidente.

Outra das ambições do Grupo Desportivo Choutense é ter uma sede própria. Neste momento utilizam as instalações do salão de convívio da união de freguesias de Parreira e Chouto. “Esperamos poder contar com o apoio da União de Freguesias e da Câmara da Chamusca, que já se demonstrou disponível para apoiar. Esperamos que o façam, visto ser muito importante a nível de infraestruturas para a realização das nossas actividades”, disse ainda.

Regresso do futebol não é para já

A equipa de futebol sénior, que até chegou a ter um bom percurso, foi extinta pois tornou-se impossível assegurar a sua sustentabilidade. “Os elementos da direcção começaram a ser poucos e é difícil trabalhar quando não se tem grande apoio”, explicou Cidália Carvalho. Para já, a reactivação da equipa de futebol sénior não faz parte dos planos.

A colectividade tem um plano de actividades para o biénio 2019/2021, que já apresentou à união de freguesias e à Câmara da Chamusca, sendo de maior destaque um evento em Julho que irá atrair todas as faixas etárias da terra e o baile de final de ano.
Ao longo do ano a população do Chouto pode contar com mais dinamismo na aldeia. “Iniciámos com a tradição do nosso carnaval e as cavalhadas e o objectivo é ter actividades para os jovens e menos jovens”.

Caminhadas, passeios de motorizadas, apoiar a Feira de São Pedro, o tradicional passeio dos Ases do Pedal pela freguesia, são algumas das iniciativas que pretendem recuperar. Mas há também novidades. Por exemplo, no final do ano vão realizar uma actividade que visa reavivar as tradições a nível musical, como as concertinas. A vertente desportiva, tal como o próprio nome do grupo indica, não irá ficar esquecida mas como diz Cidália Carvalho há mais modalidades para além do futebol.

Quem é a senhora presidente

Cidália Carvalho tem 38 anos, é assistente operacional numa escola e tem três filhos com 22, 17 e 4 anos de idade. A dirigente associativa conta que as suas motivações pessoais foram unicamente que o Chouto tivesse uma associação que se preocupasse em elevar a terra, para saber receber e também dar. “É preciso movimentar as aldeias muitas vezes esquecidas. Porque se não forem as colectividades a fazer esse trabalho, mais ninguém o faz”, refere.

A dirigente defende que o concelho da Chamusca está praticamente morto a vários níveis, entre eles o associativismo. “As pessoas que estavam à frente das direcções simplesmente desistem. Não vêem o seu trabalho reconhecido e desmoralizam”. Já para não falar que os apoios financeiros são precários. “Manter uma equipa de futebol, por exemplo, é impensável nos dias de hoje”.

A Chamusca perdeu muita população, os jovens não querem ficar porque não há trabalho ou vão para as grandes cidades estudar e já não regressam. “Temos que ser nós, reavivando as tradições a tentar recuperá-los. É essa a minha e nossa principal motivação”, diz.

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