Entrevista | 12-06-2019 18:00

“Há pessoas que não pedem facturas e perdem centenas de euros”

“Há pessoas que não pedem facturas e perdem centenas de euros”
TRÊS DIMENSÕES

João Bento é contabilista certificado e gere a sua própria empresa.

Pedir a minha mulher em namoro foi um acto de coragem. Queria que fosse um momento especial mas naquele dia agi por impulso. Fui a um vaso arrancar uma flor de sardinheira, que nem sequer cheira bem e fiz-lhe o pedido. Confesso que tive medo que ela não aceitasse.

Com amor a vida torna-se mais aconchegante. Sou um homem romântico e vivo um casamento feliz há 32 anos. Dou valor a pequenos gestos que demonstrem afecto. Acredito que se tratarmos os outros com amor somos todos mais felizes.

Fui teclista em dois grupos musicais e tocava em arraiais e eventos sociais. Primeiro formei os Delta Band Mix com mais quatro amigo e, mais tarde integrei o trio, Os Duques. Aprendi a tocar teclas e a ler pautas com o professor Carlos Manuel em Salvaterra de Magos.

O meu maior defeito é ser teimoso e custa-me reconhecê-lo. Sei pedir desculpa quando erro, mas às vezes preciso que me chamem à razão.

Gosto de bricolage mas não me peçam para passar a camisa a ferro. Quando um electrodoméstico avaria faço a primeira inspecção e só quando vejo que não consigo é que chamo alguém.

Em criança pedia um irmão aos meus pais, mas cresci filho único. Talvez por isso tive o desejo de ter mais do que um filho. Felizmente essa vontade concretizou-se. Tenho dois rapazes, um com 19 e outro com 15 anos.

Quando vou ver uma largada de touros tenho de estar do lado de dentro das tronqueiras. Não consigo ficar do lado de fora. Tenho de sentir a adrenalina de estar ali embora depois me falta a coragem para desafiar o animal, que muito respeito e admiro.

Em criança, vivi 10 anos em Samora Correia e depois mudei-me com os meus pais para Salvaterra de Magos. Foi uma transição difícil. Perdi todos os amigos que tinha. O que me deu alento foi saber que ia morar para uma casa com melhores condições, onde iria ter o meu próprio quarto. Em Samora dormia numa cama encostada ao canto da sala.

Os meus pais ensinaram-me o significado da palavra humildade. E ensinaram-me a valorizar as pequenas conquistas na vida. Pela educação que recebi não vejo com bons olhos as pessoas desonestas e que se põem em bicos de pés.

Penso que antigamente era mais fácil ser-se criança. Eu lembro-me de brincar nas ruas de Samora Correia até ser noite. Só ia para casa quando a minha mãe me chamava para jantar. Brincava sem brinquedos. Lembro-me de eu e o meu grupo de amigos fazermos das caixas do correio os nossos cofres onde guardávamos pedras e arames que usávamos para fazer fisgas.

Não frequentei nenhuma universidade porque os meus pais não podiam pagar. Tirei o curso profissional de contabilidade e gestão e tive a sorte de começar logo a trabalhar na área, na antiga empresa Prolavra, em Benavente. Sou contabilista certificado e trabalho por conta própria desde 2006.

Peço factura de tudo o que compro. Na óptica meramente fiscal assim que tenhamos atingido a média de 750 euros de dedução deixamos de ter mais benefícios em pedir factura mas faço-o para ficar de consciência tranquila e garantir que o Estado tem mais dinheiro para fazer o que é preciso.

Há pessoas que não pedem factura sem saber que com isso estão a perder centenas de euros. Por casal são 500 euros que se perdem. Também há os que não pedem por uma questão de sigilo. Não querem que se saiba onde comeram ou onde compram as camisas. A verdade é que todos temos direito à privacidade e em termos fiscais ela não é assegurada.

Deixo-me absorver pelo trabalho. Ainda não consegui arranjar um ponto de equilíbrio. Esta é a grande desvantagem de ser trabalhador por conta própria. Nos picos de prazos fiscais trabalho até altas horas da madrugada.

A política bateu-me à porta e aceitar o desafio foi a maior loucura da minha vida. Estava recém-casado quando o ex-autarca Luís Martins (CDU) me veio bater à porta de casa e me convidou para fazer parte do seu projecto político. Aceitei, sabendo que estava a ir completamente ao encontro do desconhecido.

Sou presidente da Assembleia de Freguesia de Samora Correia, mas não me considero um político. Todos somos políticos na nossa essência humana mas olho para o meu cargo como uma oportunidade de dar o meu contributo à população de Samora Correia.

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