Entrevista | 17-06-2019 15:00

“A Chamusca está exactamente igual ao que estava há 30 anos”

“A Chamusca está exactamente igual ao que estava há 30 anos”
TRÊS DIMENSÕES

Nuno Lopes, gerente da empresa de seguros “A Melhor Decisão”, em Torres Novas.

Nuno Lopes licenciou-se em Química mas depois de ter feito um ano de investigação nessa área desistiu. Explica que percebeu que não iria ser feliz fechado num laboratório. Deu aulas de Físico-Química, trabalhou na banca e passou para os seguros, tendo criado a sua própria empresa em 2012. É eleito na Assembleia Municipal de Torres Novas, diz que se as pessoas estão cada vez mais desinteressadas da política a culpa é dos políticos. Está ligado ao associativismo há vários anos porque considera importante ajudar a fazer algo mais pelos outros.

Licenciei-me em Química mas abandonei aquela área para me sentir realizado. Fiz o curso na Universidade de Aveiro e fui investigador de Química nessa universidade durante um ano. A certa altura decidi que não ria ficar o resto da minha vida fechado num laboratório. Por mais que o trabalho fosse interessante e meritório, não me iria sentir feliz.

Dei aulas e trabalhei na banca mas sinto-me mais realizado na área dos seguros. A área dos seguros surgiu por acaso. Comecei a trabalhar em nome individual há 16 anos e quando o volume de negócio começou a crescer decidi, em 2012, criar a empresa. Está a correr muito bem.

Ainda acredito que a política pode ser feita por pessoas sérias. Sou eleito na Assembleia Municipal de Torres Novas, pelo Partido Socialista, há 22 anos. Estou ligado à política desde os 19 anos. O que me trouxe para esta área foi o poder ajudar os outros, poder trabalhar em prol da minha comunidade. É isso que ainda hoje me move.

Se as pessoas estão cada vez mais desinteressadas da política, a culpa é dos políticos. O que se passa no nosso país com várias vigarices a serem expostas na praça pública prejudica a imagem dos políticos. Certas decisões são tomadas num sentido que só interessa a alguns. As pessoas percebem isso e desinteressam-se.

Se as pessoas fossem às urnas votar em branco talvez conseguíssemos mudar o sistema eleitoral. Os políticos aproveitam-se do desinteresse das pessoas pela política e pelas eleições. O número muito elevado de abstenção nas últimas eleições europeias mostra esse desinteresse.

A Chamusca está exactamente como estava há 30 anos quando saí de lá. Está tudo igual. Tirando a zona industrial, nada mudou. Sou da Chamusca e vivi lá até aos 13 anos, altura em que os meus pais foram viver para Torres Novas. Comparando os dois concelhos, Torres Novas cresceu muito enquanto a Chamusca estagnou. A desertificação na Chamusca é muito grande.

Na infância brincava na rua até a minha mãe me chamar para jantar. Adorava jogar à bola e andar de bicicleta. O mundo mudou e as crianças hoje são mais sedentárias. Estão mais ligadas às novas tecnologias mas não creio que isso as prejudique. Os interesses e solicitações é que são outros. Considero que as crianças e os jovens interagem pessoalmente e também através da internet. No entanto, os pais devem supervisionar o que os filhos vêem online.

Não sou grande cozinheiro mas sou um bom garfo. Gosto de qualquer prato com bacalhau. À Brás; à Gomes de Sá... Também gosto muito de feijoada. Só não consigo comer arroz de cabidela.

Gosto de viajar mas aprecio o tempo que passo em casa. Quando vamos de férias escolhemos normalmente o campo, costumamos fazer férias no Inverno porque gosto muito de neve. Aproveitamos para ir para locais onde podemos esquiar. Gostamos muito da Serra da Estrela mas também gostamos muito da zona dos Picos da Europa. É outro tipo de férias porque não gosto muito de praia nem da confusão que existe no Verão.

O associativismo é uma forma de ajudar a comunidade em que vivemos. E permite fazermos um pouco mais pelos outros. Pertenço à Associação de Pais da Escola Artur Gonçalves e também à delegação da Cruz Vermelha em Torres Novas. Actualmente, existe falta de interesse pelo associativismo. As pessoas têm outras prioridades e não têm tempo para o associativismo por isso é que este aos poucos vai perdendo o fôlego.

Quando um filho nasce as prioridades mudam. Deixamos de pensar tanto em nós e deixamos de ser tão egoístas, começamos a pensar em função deles e do que eles precisam. Nessa altura também passamos a perceber melhor os nossos pais. A minha família é o que tenho de mais importante. É o meu porto-de-abrigo e onde vou buscar paz e forças. Os poucos tempos livres que tenho é para estar com eles.

Tira-me do sério o incumprimento de regras que considero fundamentais. Por exemplo, não gosto quando estamos todos em família à mesa que estejamos com os telemóveis. A nível profissional gosto que as pessoas se preocupem com o trabalho que estão a fazer e que não haja falhas profissionais. Claro que há sempre erros mas faço por não falhar.

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