Saiu um relatório da Entidade Reguladora da Saúde para os meios de comunicação social a dizer que o Hospital utilizava salas de refeições e casas de banho para internar doentes. Foi um festim de títulos assassinos.

O hospital explicou que aqueles espaços estavam desactivados e que eram utilizados devido à falta de espaço. Explicou ainda que a situação era do conhecimento das entidades competentes e que já tinha sido pedido para serem feitas obras de ampliação.

O hospital de Vila Franca de Xira foi feito pelo grupo José de Melo Saúde, no âmbito da Parceria Público Privada. Quem definiu a capacidade foi o Estado e falhou nos cálculos.

Todos os hospitais principais do Serviço Nacional de Saúde, têm problemas de espaço. Por vezes há doentes, nomeadamente das urgências, nos corredores. Se o hospital de Vila Franca de Xira ainda funcionasse nas antigas instalações (propriedade da Misericórdia), em vez de doentes em salas anexas às enfermarias, embora sem condições ideais, estavam provavelmente na rua ou em tendas montadas no jardim Palha Blanco.

Dois ou três dias depois da divulgação do relatório e como já se esperava, aparece a Ministra da Saúde, defensora do fim das PPP, a anunciar o fim da PPP do Hospital de Vila Franca de Xira mas a acrescentar que o grupo privado poderia continuar a gerir o hospital por mais um ano ou ano e meio. Compreende-se porque o Serviço Nacional de Saúde já está demasiado de rastos e por mais que aumente a carga fiscal (novo recorde em 2018), não há dinheiro.

Vamos ficar à espera de relatórios da Entidade Reguladora da Saúde relativos às condições de internamento, em hospitais que não são Parcerias Público Privadas mas provavelmente só aparecerão no dia de S. Nunca à tarde. Quanto às avaliações positivas de imensas entidades à qualidade do Hospital de Vila Franca de Xira, é varrê-las para debaixo do tapete. Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é... treta!

Fernando de Carvalho