O MIRANTE | 02-03-2018 10:13

Humildade, emoção e intimidade nos discursos das personalidades do ano

Humildade, emoção e intimidade nos discursos das personalidades do ano
O MIRANTE

13 personalidades viram reconhecido o seu trabalho em prol da comunidade.

Foi num tom intimista e descontraído que o juiz Carlos Alexandre discursou na hora de receber o prémio de Personalidade do Ano de O MIRANTE, cuja cerimónia se realizou na tarde de quinta-feira, 1 de Março, no Teatro Virgínia em Torres Novas.

“Sou um produto da comunidade onde nasci e quero voltar para o meu concelho [Mação] e lutar por ele”, afirmou. O juiz que tem em mãos, entre outros processos, a mediática Operação Marquês, não perdeu a oportunidade de recordar a penúltima entrevista televisiva que deu há dois anos e onde disse que foi mal interpretado. “Atrevi-me a falar mais ou menos em público e sofri várias vicissitudes”, confessou, ao mesmo tempo que notava a dedicação quase exclusiva ao trabalho e à “bolha” em que vive. “Já me tinham dito que a premissa deste trabalho é ter nervos de aço, algodão nos ouvidos e sangue de lagarto. Sangue de lagarto não tem problema nenhum, agora quanto ao resto isso é testado diariamente, cá estamos para isso. Vamos ver se com isto não arranjo outro problema”, brincou. Entre as palavras de agradecimento a O MIRANTE ainda confessou que mantém a chave na porta de casa. “Até hoje nunca tive problema nenhum e tenho confiança profunda na comunidade”, notou.

Já Rui Bento Vasquez, director de actividades tauromáquicas do Campo Pequeno, entidade que recebeu o prémio Tauromaquia, brincou com Carlos Alexandre no seu discurso dizendo que se este fosse para toureiro teria sido, muito provavelmente, “uma grande figura” e um homem “valente”. O responsável, que dedicou o prémio a todos os que diariamente se esforçam para promover o Campo Pequeno “com dedicação e competência”, salientou a importância da distinção de O MIRANTE, que felicitou “pelo prestígio que têm sabido conquistar no seio da imprensa portuguesa” bem como o seu “incondicional apoio à tauromaquia”. E lançou o palco para outro premiado da tarde, Júlio Isidro, a quem “culpou” por ter apanhado o “bichinho” da tauromaquia. “Foi na tarde de um domingo de Páscoa a ver o Passeio dos Alegres, em que mandou a reportagem para o Campo Pequeno, foi a primeira vez que assisti a uma corrida de toiros e ganhei nesse dia o bichinho”, lembrou.

A união faz a força

Na hora de receber o prémio de personalidade do ano nacional, Júlio Isidro não deixou de notar o facto de receber a distinção das mãos de Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, grupo dono da SIC e do Expresso. “Aconteceu aqui uma coisa extraordinária, o facto de um velho apresentador e produtor de televisão da RTP receber o prémio de um novo CEO da SIC. Tantas vezes vejo apresentadores e artistas, quando se referem a outra estação de televisão, a não dizerem o nome dela. Não custa nada. Quando nos unimos ganhamos todos”, afirmou o apresentador. No dia 16 de Janeiro Júlio Isidro completou 58 anos de carreira. “Tenho menos anos de idade do que carreira, nesta fase da minha vida quando faço anos o preço do bolo é muito inferior ao preço das velas”, brincou.

O apresentador lembrou que é um “cartaxense de adopção” e confessou que aos fins-de-semana e nas férias gosta de vestir o fato de macaco para “ir ao Miguelito comprar pão, comer uma sanduíche de fiambre e ficar tranquilamente a ler O MIRANTE”.

Outro dos premiados da noite foi a Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina, de Tomar. Filipa Fernandes tomou o palco para revelar o seu “orgulho” numa colectividade que já conta com 143 anos ao serviço da comunidade. “Este prémio tem de ser partilhado por todos os que ao longo da história têm feito com que a colectividade mantenha esta vivacidade. Os dirigentes sabem quão dificil é trabalhar e assumir estas responsabilidades e assumir funções nestas colectividades. Sinto-me orgulhosa de continuar a fazer parte da história da Nabantina. É uma colectividade que merece o respeito e a honra que nos é hoje atribuída”, afirmou. Ainda na cultura, a Orquestra Típica Scalabitana foi também distinguída. Os dirigentes notaram que a aposta é continuar a promover Santarém e o Ribatejo não apenas em Portugal como também no estrangeiro. A dedicatória foi para o maestro e todas as pessoas que, durante as últimas décadas, deram do seu tempo para permitir o crescimento da colectividade.

A boa gestão do dinheiro público

Teresa Ferreira, administradora executiva da Águas de Santarém foi distinguida com o prémio de política feminino. “Objectivamente sou filiada num partido político desde muito nova porque acredito que em democracia devem existir partidos políticos. Tenho tentado demonstrar que é possível aplicar na gestão pública os princípios básicos da gestão: estratégia, planeamento, rigor, monitorização, melhoria contínua e motivação. É possivel e é importante fazê-lo. Só lamento que na gestão pública não seja possivel implementar um verdadeiro sistema de avaliação de desempenho e sobretudo o sistema de remunerações variável em função do mérito e da prestação individual de cada um. Se isso fosse possível a qualidade do serviço público teria muito a melhorar”, afirmou a gestora. Teresa Ferreira partilhou o prémio com familiares e colaboradores.

O galardão de política masculino foi para Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, concelho que “tanto sofreu” com os incêndios do verão passado. “Foram dois meses trágicos, sentia-se o sofrimento das pessoas, o que todos perdemos. Tentei cumprir a minha missão de forma a estar tranquilo com a minha consciência”, afirmou o autarca, que dedicou o prémio à família, aos vereadores do executivo, trabalhadores da câmara, bombeiros, Guarda Nacional Republicana e serviços de saúde. “Somos um concelho com necessidades próprias, que sofre graves problemas de interioridade e despovoamento que tentamos inverter. Para que as tragédias que afectaram Mação não voltem a surgir e as pessoas não sofram mais que o sofrimento normal que já é terem de lutar contra as contrariedades de não terem as mesmas oportunidades que os outros lugares. Há um fosso entre litoral e interior que não tem sido eliminado”, lamentou.

O prémio vida foi entregue a Diamantino Duarte, administrador delegado da Resitejo. “Não fiz nada na vida que não tivesse sido a minha obrigação. Tive a sorte de estar no sítio certo à hora certa e ter a companhia de muitas pessoas importantes na minha vida. Deste prémio só uma pequena parte é que é meu. Vivemos numa sociedade em que cada vez mais o «eu» está presente e precisamos de começar a ter mais o «nós»”, defendeu. Diamantino Duarte lembrou as lições do seu primeiro patrão, que o ajudaram a crescer e a encarar a vida de outra forma. E agradeceu e dedicou o prémio aos bombeiros e colaboradores da Resitejo, do porteiro aos presidentes de câmara que sempre o têm acompanhado nesse projecto.

Desporto sólido e com saúde

O Alhandra Sporting Club foi o único distinguido, este ano, do concelho de Vila Franca de Xira e por isso Rui Macieira, presidente do clube, admitiu que a distinção “vem engrandecer o clube mas aumentar o nosso compromisso e cobrar-nos mais responsabilidades”. O dirigente agradeceu a “consideração, cortesia, atitude e reconhecimento” de O MIRANTE e garantiu que o Alhandra é hoje um clube respeitado na freguesia, concelho e país, “graças ao trabalho desenvolvido por todas as direcções e equipas técnicas”, vincou.

E até João António, do União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, de Torres Novas, outro dos premiados na categoria de desporto, confessou “já ter passado pelo Alhandra quando era um jovem atleta” e vivia no Sobralinho, no concelho vilafranquense. “Queremos partilhar este prémio com todos os dirigentes, atletas, treinadores e associados que ao longo destes quase 40 anos de actividade trabalharam em prol do Zona Alta”, elogiou.

No associativismo o responsável da Adega Cooperativa do Cartaxo dedicou o prémio a todos os associados, “pela compreensão que têm tido e pela entrega que todos nos têm dado”, afirmou Jorge Antunes, que agradeceu um prémio que disse ser “realmente bom”. Outro dos prémios da noite, dedicado à cidadania, foi entregue a Joaquim Guardado, director do Centro João Paulo II e administrador da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI, em Fátima. “Quero partilhar este prémio com os 192 utentes do centro, do qual sou tutor de mais de uma centena. Sou a familia deles e são pessoas extraordinárias, são diferentes mas não são inferiores. Sou uma pequena peça de uma grande engrenagem. Temos 180 funcionários e a instituição é dirigida por gente capaz e competente que dá o melhor de si”, disse. O dirigente lançou também um desafio a todos os interessados: “A casa está aberta e podem visitá-la, garanto-vos que sairão com uma visão diferente da que entraram. A vida tem mais valor do que pensamos”, concluiu.

Um homem de causas

Joaquim Esperancinha foi homenageado a título póstumo e o filho, Carlos, recordou um homem empenhado, dedicado e inteligente, que conseguiu construir uma carreira de sucesso mesmo tendo vindo de uma família humilde. “Era uma pessoa discreta mas de personalidade forte que ao longo da sua vida foi conquistando o reconhecimento e a admiração de quem com ele foi privando. Procurou os consensos e privilegiou os diálogos. Excelente pai, atento, próximo e afectuoso. Tramsmitiu-nos os valores éticos e morais e deixa-nos uma rica herança que foi e será a luz que nos iluminará ao longo das nossas vidas”, afirmou. Naquele que foi um dos momentos mais sentidos da noite o filho de Joaquim Esperancinha lembrou como este lutou com coragem contra a doença até ao último dia. “Nunca baixou os braços e nunca se entregou, lutou até ao fim. Este prémio serve para perpetuar a memória de alguém que a todos marcou, que não esqueceremos e que para sempre nos inspirou”, concluiu.

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