Opinião | 21-07-2011 10:47

Eu sou a favor da privatização da RTP

Tenho um desejo secreto de me ausentar para parte incerta e viver dos rendimentos. Nada de ir estudar filosofia para Paris, como José Sócrates, que eu sou de carne e osso e faço parte, com orgulho, da maioria dos portugueses que nasceram filósofos tal e qual a vida obrigava e ainda obriga.Esta semana li no Expresso um texto de opinião de Alberto Arons de Carvalho a insurgir-se com a possibilidade de o Governo privatizar a agência de notícias Lusa. Diz ele, que mama na teta democrática do Estado desde o 25 de Abril de 1974, que a Agência só custa onze cêntimos por mês a cada português e que é a vasta rede de jornalistas espalhada por todo o país que constituiu a sua maior riqueza pelo serviço que prestam, a bom preço, aos vários órgãos de informação. A defesa é bem feita e ajusta-se ao estilo do dirigente socialista. Para esta gente que se habituou ao Poder o mundo não muda todos os dias. A Lusa foi, é e vai continuar a ser, pelos vistos, um instrumento do Governo para passar notícias boas e para encaixar jornalistas, amigos ou afilhados. O resto é a política caseira, no seu melhor, e a defesa dos tachos.Penso o mesmo quanto à privatização da RTP. Há uma elite em Portugal que parece escandalizada com a privatização da RTP. Dão-se ao luxo até de escrever que a medida prejudica todos os jornais. Pura demagogia. Conversa de gente acomodada com a situação de serem sempre os mesmos a pagar a crise. Pior que tudo é a farsa que constitui hoje a programação das tv’s. Na grande maioria dos casos os noticiários são alinhados em cima das notícias dos jornais do dia anterior. Eles nem precisam de jornalistas; só precisam de alguém que saiba copiar e tenha uma boa voz e uma boa cara.Esta semana ouvi dois telefonemas de dois assinantes a desistirem da assinatura de O MIRANTE. As desculpas são sempre as mesmas desde há um tempo para cá: não me posso dar ao luxo de ter este tipo de despesas fixas. Quando souber de algum assunto que me interessa vou comprar o jornal à banca.É nestas horas de maior dificuldade que se faz maior o sonho de editar um jornal que possa ser distribuído porta a porta com a mesma facilidade que o sinal de televisão ou as ondas da rádio. Um dia todos os jornais serão (quase) gratuitos tal como a televisão, a rádio ou a internet. Falta descobrir um serviço ainda mais em conta para a distribuição porta a porta. Vamos no caminho certo. Falta cumprir também algumas etapas como por exemplo o fim do monopólio das televisões e uma lei da rádio democrática. A que existe parece feita à medida de um país do terceiro mundo.Este caminho que fazemos todos os dias para termos uma imprensa mais livre e democrática não se faz com agências de notícias, televisões e rádios do Governo. Faz-se com serviço público mas não com funcionários públicos e empresas públicas que são, em matéria de dinheiro, um poço sem fundo. JAE

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1660
    17-04-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1660
    17-04-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo