Opinião | 28-12-2011 16:41

Ano novo vida nova

Os peixes vivem no mar como os homens na terra; os grandes comem os pequenos. Citação de Shakespeare.Um amigo de longa data recordou-me recentemente o privilégio de termos um amigo comum, também de longa data, que conquistou recentemente o fundo dos mares. Quem diria, Joaquim Emídio, que íamos ter um amigo comum com tanto poder sob as estrelas, desabafou, enquanto partilhávamos rente à noite os restos de um dia de trabalho de que só tinham ficado as espinhas. Recorro às notas do meu caderno para recordar este episódio. E concluo: quanto mais alto sobem os nossos amigos mais distantes deles devemos ficar para que nunca nos falte o chão nem os olhos vejam para lá do horizonte.O lançamento de um livro de Alves Redol com a chancela de O MIRANTE proporcionou um encontro amistoso com a presidente da Câmara de Vila Franca de Xira (Maria da Luz Rosinha) no Largo do Seminário, em Santarém, ao cair da noite, quando a cidade fica mais triste que um altar de uma igreja. “Foi aqui que ouvi Sá Carneiro pela primeira vez e lembro-me de olhar para ele e ver um homem muito pequeno, com umas botas grandes demais para as suas pernas e pés. Quando começou a falar conquistou-me de tal forma que o reconheci muito maior do que era”.“Há uma velha, sagrada, e inquebrantável tradição em Inglaterra de que os noivos devem escrever-se todos os dias, algumas linhas que sejam, devendo mesmo, na ausência absoluta de sentimentos a comunicar, copiar o jornal”. Excerto de uma carta de Eça de Queirós para a noiva Emília em 7/10/1885.Melhor do que deixar para trás os apontamentos de um caderno diário, escrito ao longo do ano, é suar a camisola a jogar ping-pong; nadar; jogar snooker; ler um livro ou ver um filme com os filhos por perto. O Natal é só uma boa altura para os exercícios do espírito.Se não pudesse voltar a escrever nesta coluna escolhia para me despedir dos leitores esta frase roubada ao livro “Memórias de Adriano”, de Marguerite Yourcenar, que reli este ano: A memória da maior parte dos homens é um cemitério abandonado, onde jazem, sem honras, mortos que eles deixaram de amar. Toda a dor prolongada insulta o seu esquecimento”.JAE

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