Opinião | 16-10-2013 16:57

Convenção AIP

À procura de uma estratégia para o país, a Associação Industrial Portuguesa (AIP) promoveu uma convenção. Muito se disse e muito se escutou. Mas ao ouvir a pobreza franciscana da intervenção de alguns ex – ministros da área das empresas, facilmente se compreende porque estamos em crise.

À procura de uma estratégia para o país, a Associação Industrial Portuguesa (AIP) promoveu uma convenção. Muito se disse e muito se escutou. Mas ao ouvir a pobreza franciscana da intervenção de alguns ex – ministros da área das empresas, facilmente se compreende porque estamos em crise.Há muito para fazer e tudo é importante, mas temos que escolher o mais importante. Muitas vezes o temos escrito nestas páginas, designadamente a propósito do desenvolvimento local – apostar estrategicamente no mais importante. Tudo é nada. É necessário focarmo-nos no essencial. E o que é o essencial? O Prof. Daniel Bessa apelou ao Top Ten. Vamos mais longe e atrevemo-nos a passar do top ten para o Top One. Acreditamos que há um tema, uma aposta estratégica para o país que se não for seguida tudo o resto falha. Top One é a educação, a formação, a qualificação das pessoas.Os recursos humanos são os únicos que podem criar e valorizar os outros e é onde podemos fazer diferença. É aqui que os países, as regiões e as empresas ganham ou perdem. Todo o desenvolvimento duradouro passa pela qualificação das pessoas. Curiosamente, a felicidade destas também. Que não haja ilusões, temos que ser os protagonistas da mudança, os atores da solução dos nossos problemas. O sucesso será tanto mais provável e pleno quanto mais bem preparados estivermos.Como se confirmou na Convenção da AIP, a saída para a crise tem de ser com aumento produtividade e não com corte de vencimentos e desemprego. Sabe-se que a produtividade cresce quando aumenta a qualidade do capital humano das empresas e que só a qualificação das pessoas possibilita a incorporação de novas tecnologias.A eficiência profissional dos quadros das organizações, sejam elas uma empresa ou uma câmara municipal, não é compatível com cortes sucessivos e cegos em educação. O Governo sabe que a generalidade das empresas não tem capacidade para investir na formação dos seus colaboradores e muito menos em I&D; por isso, há aqui um inequívoco papel para o Estado. A valorização dos recursos humanos como forma de obtenção de valor para o próprio e para a organização deve ser o desígnio do país (não confundir com paixão, passageira e cega). A educação é a única forma de conseguir vantagens competitivas sustentáveis. Isto só é possível com uma política de investimento maciço em educação. É isso que se está a fazer?Todavia, como muito acontece, não basta atirar dinheiro para a educação. É conhecida a realidade no Brasil em que as universidades estão a abarrotar de estudantes mas os empresários manifestam-se profundamente insatisfeitos com a “geração do diploma”.Por cá, na AIP, ouviram-se alguns empresários queixarem-se do mesmo, dizendo que necessitam de pessoas qualificadas e não as têm. Por outro lado, muitos dos politécnicos e universidades veem o seu futuro negro com a falta de alunos em muitos dos cursos. Será assim tão difícil resolver esta insatisfação do mercado e fazer um encontro entre a oferta e a procura? Ou será que ainda não se conhecem as necessidades do país na área de especialização de recursos humanos?Carlos Alberto Cupetocupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora

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