Opinião | 27-11-2013 17:24

Autarquias

Estes tempos vieram evidenciar o que muitos de nós já sabemos; os governos locais são o melhor que o regime democrático nos deu.

Estes tempos vieram evidenciar o que muitos de nós já sabemos; os governos locais são o melhor que o regime democrático nos deu. A proximidade e o conhecimento da realidade local são, provavelmente, as principais razões para que assim seja. No Tejo, os bons exemplos entram-nos pelos olhos dentro. Nestes tempos de dificuldade, felizes são os que têm bons governos locais. Excelentes exemplos por todo o país evidenciam esta realidade.Como todas, também esta moeda tem duas faces e, lado a lado, autarquias vizinhas mostram realidades diametralmente opostas, o bom e o mau.Como em muitos assuntos, por razões menores, ao arrepio do interesse coletivo, o país ficou a meio caminho no que respeita à reorganização do mapa autárquico. Fundir freguesias e perder a oportunidade de fazer o mesmo ao nível das câmaras municipais foi, mais uma vez, falta de coragem, por medo, incompetência e partidocracia. Os interesses instalados sobrepuseram-se aos verdadeiros interesses do país, e sobretudo das populações locais. A meio caminho, as comunidades intermunicipais são um bom exemplo, mas não vão até onde deviam ir. Só a fusão de municípios lá chega.No Tejo a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo são excelentes exemplos; as competências e missões definidas evidenciam-no. Todavia, é à escala municipal que as grandes decisões são tomadas e que os recursos locais são geridos. É a este nível que as populações sentem o efeito da decisão. É ao nível autárquico que se esperam novas formas de organização e gestão que tragam a sustentabilidade local – já sabemos no que se traduz a dependência exclusiva da globalização – e que deem às pessoas a possibilidade de serem felizes na terra onde nasceram.Sabemos que a resistência à mudança é humana, mas a oportunidade do momento convida e exige que os autarcas tenham rasgos visionários de gestão que nos levem a lugares nunca antes vistos. A palavra cooperação deve governar e imperar sobre todas as outras, somar em vez de dividir. Em tempos de meios escassos, esta é a chave do sucesso, a governância local com base em redes e complementaridades, assente na cultura e recursos locais, num verdadeiro processo de mudança a caminho da autossuficiência local. Isto pode parecer um sonho, mas há bons exemplos em que se mostra que os sonhos são possíveis, basta trabalhar para isso.Trabalhar para um modo de vida local assente nos recursos locais, de baixos impactes ambientais e de alto valor, onde todos são úteis.São as autarquias que o podem fazer, mesmo tendo em conta as enormes dificuldades existentes.Há sonhos que valem a pena, as pessoas merecem-no.Carlos A Cupetocupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora

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