Política | 12-02-2005 11:49

PS deve dialogar com esquerda mesmo com maioria absoluta

O ex-presidente da República Mário Soares defende que o PS deve "manter um diálogo permanente" com partidos à sua esquerda, mesmo que vença as eleições de 20 de Fevereiro com maioria absoluta.

"Acho que o facto de o PS ganhar e ter a maioria absoluta não o dispensa de manter um diálogo permanente com a esquerda e, sobretudo, com as forças sociais", disse Mário Soares, em declarações à imprensa, no final da sessão de apresentação do seu novo livro "A crise: e agora?", em Lisboa.Escusando-se a comentar o cenário de uma vitória do PS sem maioria absoluta - "sou a favor da maioria absoluta do PS e não estou a considerar outras hipóteses", afirmou -, Mário Soares advertiu os eleitores para o "imbróglio político" que poderia resultar daquele cenário."O eleitorado socialista e português é suficientemente sensato para perceber que tem de dar ao PS as condições para ele governar, porque se não der é responsável desse facto de não haver governo e de haver uma situação de grande imbróglio político", disse.Para o ex-Chefe de Estado, apesar de ser "possível" governar sem maioria absoluta, só este resultado eleitoral permitirá ao próximo governo enfrentar a "crise aguda" que, no seu entender, o país atravessa.Já antes, quando intervinha na apresentação da sua obra, o ex- eurodeputado considerou "indispensável" que, em caso de eventual vitória nas próximas eleições legislativas, o PS "tenha a consciência que vai formar um governo de salvação nacional"."Não é um governo qualquer. É preciso ter ideias, políticas e pôr termo a esta crise", referiu.Na ocasião, Mário Soares considerou ainda "lógico e normal" a apologia de uma maioria absoluta socialista feita recentemente por Diogo Freitas do Amaral (com quem disputou as eleições presidenciais de 1986).Ao apresentar a sua mais recente obra - que definiu como um "contributo à reflexão" -, Soares lançou algumas críticas à forma como tem decorrido a campanha eleitoral."Entendi que não podia ficar calado face à situação que estamos a viver, em que a política se transformou num +fait-divers+, num insulto ao adversário, que faz com que se pense que os portugueses são parvos", disse.Antes, Vasco Vieira de Almeida (amigo pessoal de Mário Soares e ministro da Coordenação Económica do primeiro governo saído do 25 de Abril de 1974) qualificou a nova obra do ex-presidente como um "acto de cidadania" e citou o politólogo italiano António Gramsci: "o dever da política não é conservar equilíbrios, é criar equilíbrios novos".Maria Barroso, os deputados socialistas Almeida Santos e Maria de Belém e o actor Raul Solnado foram algumas das personalidades que acorreram à sessão de lançamento do livro de Mário Soares."A crise: e agora?" constitui "um acervo de textos sobre a situação portuguesa, nas suas múltiplas facetas", quase todos "escritos durante o ano fatídico de 2004, que, curiosamente, foi também o da comemoração dos trinta anos da Revolução dos Cravos", explica Mário Soares no prefácio da obra.

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