Política | 22-02-2008 07:47

Moita Flores quer envolver empresários e governo na recuperação do rio Alviela

A câmara de Santarém apresentou ontem um estudo para a recuperação do ecossistema do Alviela, que identifica as agro-pecuárias do concelho também como fontes poluidoras do rio, apontando o tratamento integrado dos seus efluentes como uma das medidas a tomar.Francisco Moita Flores, presidente da autarquia, salientou que o estudo, elaborado nos últimos meses por uma equipa multidisciplinar, veio provar que este não é um problema do concelho vizinho de Alcanena, cuja indústria de curtumes é tradicionalmente responsabilizada pelos danos causados ao rio. “As culpas estão nos concelhos de Alcanena e Santarém”, afirmou o autarca, considerando que “em vez de procurar culpados” é preciso procurar soluções.Nesse sentido, a comissão criada há cerca de um ano, que antecedeu a recolha de assinaturas para uma petição que levou o assunto ao Parlamento há cerca de um mês, vai ser reactivada, disse.Moita Flores afirmou que a comissão, que reunirá ainda este mês, vai, com base nos dados contidos no estudo apresentado ontem, definir os próximos passos, nomeadamente o envolvimento dos empresários e do Governo no processo.“O Governo tem que estar vinculado”, porque uma solução para o Alviela só é possível através do Programa Operacional nacional, uma vez que a bacia hidrográfica do rio não pode ser dividida por programas operacionais regionais, frisou.Para Bernardino Pinto, um dos técnicos envolvidos no estudo que tem por missão a preparação de candidaturas ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), “um projecto desta natureza só tem lógica de forma integrada”, lembrando que Santarém e Alcanena estão abrangidas por programas operacionais regionais diferentes (Alentejo e Centro, respectivamente).Maria João Cardoso, chefe da divisão de resíduos e promoção ambiental da Câmara Municipal de Santarém, afirmou que, a partir de experiências em curso noutros pontos do país, terá agora de ser desenvolvido um projecto que permita o tratamento e aproveitamento dos efluentes para produção de biogás, acompanhado de um plano de comunicação junto de empresários e populações.Francisca Silva, que coordenou o estudo desenvolvido pela Hidroprojecto, afirmou que foram identificados, nos dados disponíveis nos organismos oficiais, cerca de 13.000 suínos, número que terá de ser afinado agora no terreno, cujos efluentes correspondem a mais de 40.000 habitantes, sem contar com os bovinos e aves.Para o vice-presidente da câmara de Alcanena, Eduardo Marcelino Camacho, presente na sessão, o estudo “não surpreendeu”, porque há muito que o seu município vinha alertando para a poluição a montante da nascente, alertando para a necessidade de se considerar igualmente o tratamento dos esgotos domésticos.

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