Assembleia de Mação atribui prémio de cidadania a ambientalista Arlindo Marques
Juiz Carlos Alexandre, natural de Mação vai ser testemunha abonatória do ambientalista no processo movido pela Celtejo.
A Assembleia Municipal de Mação aprovou por unanimidade a instituição de um prémio de cidadania que vai ser atribuído ao ambientalista Arlindo Marques, pelo seu envolvimento na defesa do rio Tejo.
"Sem ter a obrigatoriedade de ser atribuído anualmente, a instituição deste prémio de cidadania vai ser entregue sempre que ocorram desempenhos que, de forma muito sólida, mostrem que devem ser reconhecidos", disse o proponente José António Almeida, da bancada do PSD, sublinhando que a ideia da instituição deste prémio se "inspirou na acção cívica do ‘guardião do Tejo', Arlindo Consolado Marques", que será o primeiro galardoado.
O ambientalista é natural de Ortiga, freguesia ribeirinha daquele município do distrito de Santarém.
José António Almeida, que é também o director do Agrupamento de Escolas de Mação - local onde decorreu na quinta-feira a sessão de Assembleia Municipal, com a presença de dezenas de alunos - salientou "a luta em defesa do rio Tejo" de Arlindo Marques, guarda prisional de profissão.
Para o eleito social-democrata, a comunidade deve “reconhecer o trabalho desenvolvido em prol das comunidades ribeirinhas, do ambiente, do rio Tejo e da cidadania".
O prémio, sublinhou, "não é pecuniário": trata-se de "um prémio simbólico que será entregue numa cerimónia” formal.
"Senti-me como que na obrigação de olhar para o exemplo do Arlindo Marques, que mobilizou gentes, políticos e comunicação social e deu a cara por uma comunidade", referiu José António Almeida, justificando a proposta.
O social-democrata afirmou que ser um exemplo de cidadania é perceber o que se pode fazer pela comunidade e entregar-se a uma causa, “independentemente dos processos que possam mover” contra o cidadão.
José António Almeida referia-se ao processo movido ao ambientalista Arlindo Marques pela empresa Celtejo, que reclama o pagamento de 250 mil euros por difamação, devido à associação que o guarda prisional tem feito entre a poluição no rio e aquela empresa de celulose instalada em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.
O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD), lembrou que Arlindo Marques "conta com o apoio unânime de todos os eleitos da autarquia", porque "tem ajudado a resolver um problema que é de todos".
Por isso, acrescentou, vai a tribunal defender o ambientalista: "Vou servir de testemunha abonatória de Arlindo Marques neste processo que a Celtejo lhe moveu, mas com muitos mais apoios o Arlindo pode contar nesta luta pela defesa de um Tejo com qualidade e sem poluição", disse o autarca, advogado de formação.
Um desses apoios é do juiz Carlos Alexandre, natural de Mação e que exerce no Tribunal Central de Instrução Criminal em Lisboa.
O juiz afirmou que vai servir de testemunha abonatória por "conhecer bem o problema de poluição do rio", nomeadamente na zona ribeirinha de Ortiga, onde chegou a ser sapador florestal e carteiro, e por estar "solidário com o exercício de cidadania" de Arlindo Marques.
"Vivi em Mação até aos meus 18 anos e em 1983, no meu 5.º ano de faculdade, fui carteiro em Ortiga, onde bati à porta daquela gente toda, pelo que conheço bem o rio, os seus problemas de poluição e a importância dos seus impactos no Tejo e de quem fazia vida dele", referiu.