Deputado Nuno Serra ajuda a chumbar proposta do seu partido na Câmara de Santarém
Medida visava criar mais um lugar de vereador a tempo inteiro, mas o autarca do PSD juntou-se ao PS e inviabilizou a proposta do presidente Ricardo Gonçalves.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), viu ser chumbada na última reunião camarária, com a ajuda de um autarca do seu partido, uma proposta sua que visava aumentar de dois para três o número de vereadores a tempo inteiro no executivo municipal. Aos quatro votos contra da oposição socialista juntou-se o voto desfavorável do social-democrata Nuno Serra, também deputado na Assembleia da República, número dois da lista do PSD nas últimas autárquicas e que até há pouco tempo foi líder distrital do PSD.
A situação é consequência das divergências pessoais entre Nuno Serra e outro vereador do PSD, Ricardo Rato, antigo líder da JSD de Santarém, que foi apoiante de Serra em anteriores eleições internas no PSD e que no último acto eleitoral esteve do outro lado da barricada.
Ricardo Gonçalves justificou a proposta - que na prática visava a passagem de Ricardo Rato do actual regime de meio tempo para vereador a tempo inteiro (embora o documento não indicasse nomes) – com o acréscimo de trabalho decorrente dos múltiplos projectos a executar nos próximos tempos e que vão ser apoiados por fundos comunitários. A câmara tem apenas o presidente Ricardo Gonçalves e os vereadores Inês Barroso e Jorge Rodrigues a tempo inteiro e Ricardo Rato a meio tempo. Esse é o número mais baixo de autarcas a tempo inteiro dos últimos executivos.
O PS votou contra por considerar que não houve alterações substanciais na gestão da câmara que justificassem essa medida. Já Nuno Serra, que não se manifestou durante a apreciação desse ponto nem justificou o seu sentido de voto, teve discurso semelhante em declarações a O MIRANTE, afirmando que não vê para já alterações significativas que justificassem essa alteração. E disse que quando isso se verificasse depois ser veria.
Quem não escondeu o seu desconforto com a situação foi o presidente Ricardo Gonçalves, que lamentou a “questão pessoal” que levou ao sucedido e referiu a O MIRANTE que o assunto iria ser analisado pelos órgãos internos do partido. O presidente da câmara garante que as divergências entre os dois vereadores do PSD “não irão pôr em causa o trabalho do executivo” e espera que as mesmas “sejam resolvidas a contento de todos”.
Já Ricardo Rato, que deveria ser o beneficiado pela alteração proposta, manifestou a sua concordância com a alteração preconizada e agradeceu a confiança depositada nele, caso a proposta o tivesse como destinatário. Criticou ainda a postura de Nuno Serra por não respeitar a disciplina de voto, o que o surpreendeu. “Somos uma equipa de cinco elementos e até hoje nunca houve nada do género”, disse ao nosso jornal.