Saúde | 07-03-2005 10:27

Semana contra a discriminação das pessoas com epilepsia

A primeira Semana da Epilepsia arranca hoje em Lisboa com uma sessão de esclarecimento que pretende ser a primeira batalha na luta contra a discriminação de que sofrem os portadores de uma doença que afecta 40 mil portugueses.Dar força à mensagem de que "a maior parte das epilepsias são benignas e tratáveis, e que os doentes podem ter uma vida perfeitamente normal" é um dos objectivos desta iniciativa da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) que decorre até 13 de Março.De âmbito nacional, a Semana da Epilepsia, que tem como tema "Epilepsia em Movimento", envolve exposições, acções de formação e esclarecimento para pais, familiares, professores e educadores, e actividades de lazer dedicadas aos doentes.A primeira iniciativa desta semana decorre em Lisboa, na sede da LPCE, com uma exposição de quadros e desenhos de crianças e adultos com epilepsia. No mesmo local funcionará o atendimento directo ao público para informações e distribuição de folhetos sobre a doença.Cerca de 75 por cento das epilepsias curam-se ao fim de dois anos, mas o medo e os mitos herdados da antiguidade têm sido mais difíceis de combater, lamenta uma especialista.Paula Breia, neurologista do Hospital Garcia de Orta, em Almada, e presidente do núcleo sul da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE), é peremptória ao afirmar, em declarações à Lusa, que o "problema essencial" para quem sofre hoje de epilepsia, e para quem contacta com os doentes, "é a falta de informação"."É completamente errado pôr alguma coisa na boca de quem está a ter uma convulsão. O que se deve fazer é deitar o doente de lado, aliviar-lhe as roupas e não pôr nada, rigorosamente nada, dentro da boca" do doente, pois corre-se o risco de o sufocar, alerta a médica, na véspera da Semana da Epilepsia, que começa segunda-feira.Para Paula Breia, este é um exemplo dos mitos que ainda hoje rodeiam a doença e que têm origem na antiguidade, quando a epilepsia era encarada como "uma possessão demoníaca, com o doente a perder a consciência, a espumar pela boca, muito aparatoso. E estes traços vão passando de geração em geração".O resultado é os próprios doentes encararem a epilepsia como algo tabu, cujas consequências podem ser, segundo a responsável da LPCE, a discriminação no acesso ao emprego ou no local de trabalho."Fala-se da asma, da diabetes, são doenças que a sociedade aceita, mas não da epilepsia", que se estima afectar entre 40 a 70 mil portugueses, enfatiza Paula Breia. A epilepsia pode ocorrer em qualquer idade e qualquer pessoa pode sofrer um ataque epiléptico ao longo da sua vida sem ter necessariamente a doença, explicou a neurologista.Esta resulta de "variadíssimas causas" - malformações cerebrais, tumores, lesões do cérebro resultantes de traumatismos ou alterações que não são detectáveis através de exames -, e a crise epiléptica deve-se sempre a uma modificação repentina na forma como as células nervosas do cérebro comunicam entre si através de sinais eléctricos.

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