uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Espectáculos gratuitos ou pagos?

Problemas da cultura discutidos no Entroncamento

Os espectáculos gratuitos não contribuem, significativamente, para o aumento do público. A conclusão é do Projecto de Desenvolvimento de Públicos, encomendado pelo Instituto Português das Artes do Espectáculo, e foi divulgada sexta-feira à tarde no Entroncamento, no decorrer do seminário “Cultura & Culturas”, organizado pela câmara municipal.

Entre 1995 e 1998 foram recolhidos dados relativos às taxas de ocupação das salas de espectáculos de 34 companhias. A amostra incidiu sobre 102 sessões com entradas livres e 157 com acesso pago. Os autores do estudo consideram que a opção pela gratuitidade tem pouca influência na melhoria da ocupação das salas que apenas sobe de 50% para 54%. Os dados relativos ao estudo foram divulgados por um dos oradores do seminário, o consultor para a área da cultura, Guillaume Baschet Sueur e parecem dar razão ao vereador do pelouro da cultura da câmara do Entroncamento, Henrique Leal, que defende o pagamento de bilhetes, no acesso aos espectáculos organizados pela autarquia.A totalidade dos espectáculos promovidos pela câmara municipal, cerca de meia centena por ano, são gratuitos, o que, segundo Henrique Leal, acaba por banalizar a cultura. O autarca pretende, a curto prazo, a cobrança de ingressos, mesmo a preço simbólico, podendo as verbas assim obtidas reverter a favor das associações e clubes do concelho que aceitem assegurar a organização e promoção dos eventos, continuando a câmara a suportar os “cachets” dos artistas. A Segunda fase do Projecto Piloto de Desenvolvimento de Públicos acabou por confirmar as indicações anteriormente fornecidas. Em dois acontecimentos anuais, (CITEMOR) - Festival de Teatro de Montemor-O-Velho e Festival Altitudes do Teatro Regional da Serra de Montemuro), foi decidido reforçar a cobrança de entradas no primeiro e passar a cobrar entradas, no segundo. Nos dois casos a taxa de ocupação das salas baixou ligeiramente, mas a adesão ao sistema de bilhetes pagos foi maciça.Na apresentação do tema “Formação e Desenvolvimento de Públicos – Gratuitidade ou não gratuitidade nos espaços culturais”, perante uma plateia de dezena e meia de participantes, Guillaume Baschet Sueur, limitou-se a disponibilizar dados que permitam uma melhor tomada de posição sobre o assunto por parte dos promotores de espectáculos. Um dos elementos deixados à consideração foi a segmentação do mercado cultural da autoria de “Morison&Fliehr” que, segundo o orador, “permite isolar públicos maioritariamente compatíveis com a política do acesso pago e outros em relação aos quais a gratuitidade parece a solução adequada” .De acordo com essa segmentação, 3 a 5% do público é constituído por indivíduos que encaram as artes como uma componente importante da vida; 12 a 15%, por indecisos quanto à importância das artes; 30% são incapacitados ou sem hipóteses de assistir a um espectáculo ou visitar um museu e 50 a 55% são pessoas que decidiram, consciente ou inconscientemente, eliminar as artes como fonte de potencial interesse.

Mais Notícias

    A carregar...