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Nelson de Matos, João Rui de Sousa e Fernando J.B. Martinho

Um poeta que celebra a vida

João Rui de Sousa lançou Obra Poética ( 1960-2000)

João Rui de Sousa é um dos autores da colecção de poesia Alma Nova de O MIRANTE com o livro Obstinação do Corpo que foi agora reunido na sua obra poética que celebra 40 anos de poesia. Esta é a poesia de um homem que celebra a vida e é capaz de contemplar o mundo a várias dimensões sem nunca esquecer as suas profundas raízes à terra.

João Rui de Sousa, um dos mais poetas portugueses mais importantes da última metade do século, editou a sua Obra Poética (1960-2000). O lançamento foi na passada noite de 21 do corrente, no Teatro da Trindade A edição é da D. Quixote que continua a manter a marca inconfundível do seu editor Nelson de Matos.Esta é a segunda vez que João Rui de Sousa reúne num só livro toda a sua obra poética. A primeira foi em 1983 com o título O Fogo Repartido numa edição da Litexa.A sala do Trindade estava cheia de amigos e admiradores do poeta encontrando-se ainda na assistência muitos autores publicados pela D. Quixote como era o caso de Lídia Jorge, Inês Pedrosa, Fernando Pinto do Amaral, Nuno Judice, Sofia Sá da Bandeira, Urbano Tavares Rodrigues, Joaquim Magalhães, entre muitos outros.Fernando J.B. Martinho, professor universitário e uma das vozes mais autorizadas no panorama da crítica literária em Portugal, nomeadamente no domínio da poesia, escreveu o prefácio da Obra e apresentou-a na sessão de lançamento.Realce para o facto de Fernando J.B. Martinho ter reconhecido que Obstinação do Corpo, um dos livros de João Rui de Sousa publicado na colecção Alma Nova de O MIRANTE, “é um dos mais significativos da sua obra e um livro que fala do amor e celebra o corpo da mulher como muitos poetas destas últimas gerações não conseguiram com tanta mestria e inspiração”. “A grandeza de um poeta vê-se também na forma como sabe dialogar com os autores do seu tempo e neste aspecto João Rui de Sousa também não traiu as suas matrizes” afirmou. Realçando mais uma vez a qualidade da “poesia de um homem que celebra a vida” Fernando Martinho acentuou ainda a originalidade da poesia de João Rui por ter “a dimensão da voz de um poeta que é capaz de contemplar o mundo a várias dimensões sem nunca esquecer as suas profundas raízes à terra”.Porque João Rui de Sousa também escreve sobre o trabalho de outros poetas, Fernando J.B. Martinho chamou a atenção ainda para esta mais valia que lhe permite reflectir também sobre a sua própria poesia, um exercício que não está ao alcance de muitos bons poetas de todas as gerações.Do prefacio do livro recuperamos ainda algumas palavras que Fernando J. B. Martinho dedica ao livro Obstinação do Corpo publicado em 1996, em Santarém, com a chancela de O MIRANTE: “Uma poesia que não teme dizer o corpo, a alegria e o ardor de Eros ( : ) O impulso «para o alto» que a mulher representa segundo a famosa formulação goetheana, encontra, em Obstinação do Corpo, uma das mais conseguidas expressões no âmbito da lírica portuguesa da segunda metade do século passado. São diversas as metáforas que o dizem— «ascensão», «voo», «levitação»—, mas nenhuma melhor o exprime que o «êxtase» para que tudo converge na subida «do luminoso para o obscuro de que se fala num dos mais belos poemas do livro (Ascensão): Beijava-te como se sobe uma escadaria:/pedra a pedra, do luminoso para o obscuro,/do mais visível para o mais recôndito/— até que os lábios fossem/não o ardor da sede, nem sequer a magia/ da subida,/ mas o tremor que é pétala de êxtase, / o lento desprender do sol, no corpo/com o feliz quebranto dos meus dedos.Nelson de Matos, o responsável pela D. Quixote, falou desta colecção de poesia que tem reunido o melhor dos melhores poetas portugueses, tendo ouvido por parte de alguns elementos da mesa os maiores elogios quanto ao grafismo e qualidade dos livros que vem editando de que esta colecção de poesia é um bom exemplo.A fechar a sessão e antes de se ouvirem alguns poemas do livro ditos por poetas como Virgílio Alberto Vieira, Travanca Rego e Amadeu Baptista, e o próprio apresentador da Obra, João Rui de Sousa também leu alguns dos seus poemas, depois de ter lembrado àqueles que colaboram e incentivaram a publicação desta Obra, que a sua poesia também é uma forma de lutar por um mundo melhor, numa altura em que se acentuam as desigualdades entre ricos e pobres e o mundo aparece, outra vez, cada vez mais dependente da ameaça das ditaduras e da prepotência dos poderosos. 
Nelson de Matos, João Rui de Sousa e Fernando J.B. Martinho

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