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Uma vida ligada aos cavalos

David Ribeiro Telles, um dos melhores cavaleiros dos últimos tempos, na Feira do Cavalo na Golegã

Foi no dia de São Martinho que nasceu uma das lendas do mundo taurino ainda vivas. Por isso a escolha de mestre David Ribeiro Telles para presidente de honra do concurso oficial de cavalo de sela da Feira do Cavalo, na Golegã, não podia ter sido mais acertada. Foi a forma de homenagear o cavaleiro tauromáquico que viveu muitos momentos de glória nas arenas.

David Ribeiro Telles é o presidente de honra do concurso oficial de cavalo de sela da Feira do Cavalo na Golegã. Pretende-se desta forma homenagear uma ilustre figura que se dedicou aos cavalos durante a vida inteira. Aliás, foi com eles que alcançou grandes tardes de glória nas praças de toiros do país e do estrangeiro, tendo sido considerado um mestre na arte de tourear. A escolha não podia ser a mais indicada, não só pelo seu valor, mas também porque quis o destino que mestre David (como é conhecido no meio taurino) nascesse no dia de São Martinho. Nesse dia 11 de Novembro, que é o ponto alto da feira do cavalo na castiça vila da Golegã, faz 75 anos de idade e de muitas histórias na sua ligação ao mundo equestre. Desde muito cedo que começou a acompanhar o pai, um homem do campo para quem os cavalos eram uma preciosa ajuda. De tenra idade começou a apaixonar-se pela nobreza dos animais que são a imagem de marca da lezíria ribatejana, a par dos toiros. Aprendeu a montar com grandes mestres, a começar pelo seu avô David Godinho, e com alguns dos seus discípulos como Fernando Andrade. Outros nomes marcaram a sua aprendizagem, como é o caso de Alberto Luís Lopes de quem recebeu em 1958 a alternativa de cavaleiro tauromáquico. “Desde cedo que tive contacto com pessoas que sabiam andar a cavalo e tive a sorte de ter tido a confiança deles e de nunca os ter parado de chatear para que me ensinassem”, lembra mestre David Ribeiro Telles com saudade. Apesar de arredado das arenas, mas não do gosto pelos cavalos e pelas touradas, acompanhando muitas vezes os filhos João e António Telles nas suas actuações, considera que ainda há bons professores de equitação. “Mas o principal é a vontade do aluno em aprender, em ser chato com os professores, e sobretudo não desistir”, aconselha mestre David que deixou de montar há um ano.Alguns cavalos ficaram marcados na sua memória. O “Armilita” foi um deles. “Toureei épocas seguidas com ele. Era um cavalo bonito. Quando envelheceu deixei de usá-lo. “Um dia o Nuno Salvação Barreto veio ter comigo a perguntar se tinha um cavalo para vender porque queria oferecer um ao dono de um clube nocturno de França, o Pierre, que eu também conhecia”.“Ele ficou encantado com o “Armilita” e levou-o. Mais tarde fui tourear a França e pediram-me para usá-lo. Continuava muito bonito e estava com muito bom aspecto. Estava a ser tratado por duas bonitas francesas. Puseram os arreios e prepararam-no. Quando montei ele começou a tremer com a aflição de ir tourear. Desci e ele começou a lamber-me as mãos. Acabou por fazer apenas as cortesias”, lembra.Na relação estreita com os cavalos muitas vezes mestre David teve momentos de amargura. Isso acontecia quando tinha que abater um animal. “Custa muito”, desabafou. “Um dia tive que abater um cavalo que endoideceu e que era do meu filho João. Com a aflição o animal deu tantos coices que fez uma fractura exposta numa das pernas. Foi um grande sofrimento e não havia mais nada a fazer”, contou. Para o mestre, hoje o cavalo tem outra importância. Nos tempos em que treinava no picadeiro da casa do seu pai em Almeirim, que ainda hoje existe junto ao Largo General Guerra, os cavalos não eram uma grande fonte de rendimento. “Antes o cavalo não estava tão comercializado. Actualmente há um negócio muito grande à volta dele. Acho impressionante ver pessoas que compram cavalos por valores impossíveis”, comentou. Para David Ribeiro Telles, isso deve-se à grande competição que se começou a desenvolver nos últimos tempos nas actividades ligadas ao cavalo, como as touradas. “No meu tempo as pessoas compreendiam, quando experimentávamos um cavalo novo numa praça, que ele não estivesse bem preparado. O que não acontece agora”, sublinhou.Sobre a festa brava, na qual esteve de corpo e alma durante muitos anos e para a qual deu muito de si, mestre David diz que no seu tempo “era tudo mais por gosto e amor à camisola. Não havia tantos empresários ricos”. E considera que os problemas desta arte começaram quando “tiraram o zé povinho dos toiros”, que antes era quem enchia as praças. As actividades da Feira do Cavalo na Golegã A 27ª Feira do Cavalo na Golegã começa sexta-feira (dia 1) com um concurso completo de atrelagem na Quinta de Santo António. Segue-se o lançamento do livro de Maria João Carvalho na galeria municipal. No largo do arneiro pode apreciar a exposição de escultura de Rui Fernandes. No sábado nos campos de ténis inicia-se-se o 5º open da Golegã, que se prolonga pelos dias 3,9,10 e 11. Na Azinhaga é inaugurada a rotunda da lavoura. E no Cine-teatro Gil Vicente decorre durante a noite o concerto do Conservatório Regional de Música da Golegã. No largo do Arneiro, durante a manhã, efectua-se a partida para o concurso de resistência equestre e há ainda concursos de saltos de obstáculos e gincana a cavalo para jovens. À tarde decorre a 2ª prova de Saltos de obstáculos que se prolonga pela noite e o concurso completo de atrelagem na Quinta da Labruja.Domingo na Quinta de Santo António durante a manhã efectua-se o concurso completo de atrelagem (prova C) e no Largo do Arneiro continuam os concursos de saltos de obstáculos (durante a manhã e tarde) e gincanas a cavalo. O primeiro Simpósio Europeu do Cavalo Lusitano preenche o dia de terça-feira. Paralelamente pode ver a exposição “O cavalo visto por 10 artistas plásticos”. Para quarta-feira o programa reserva durante a manhã e a tarde, na Quinta de Santo António, o concurso de dressage nacional. À noite é apresentada a Quadra de Ensino St. André Lusitanos, no largo do Arneiro. Quinta-feira de manhã e tarde realiza-se o concurso nacional oficial de apresentação do cavalo de sela. Para a tarde está também programado um passeio pelo campo. À noite há um espectáculo do Centro equestre da Lezíria Grande. Na próxima edição será apresentado o programa para os dias 8,9,10 e 11.

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