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Mas, afinal, quem recebeu o pilim?

José Miguel Noras

Fiquei ciente, a partir do início do ano, que há quem não hesite em mistificar documentos, desde que, com eles, possa atacar a minha imagem.Já estou, portanto, habituado a “tiradas” e a “notícias” dirigidas contra mim, por insondáveis complexos, mas sem qualquer objectividade (ou seriedade) informativa.Eu aguento a “porrada” toda. Mas já não chega dizer mal de quem saiu, é preciso “parir” mais alguma coisita por esta terra (nem que seja de “cesariana”). O “Polis” poderá ser um bom “obstetra”...

“Eu costumava dizer que a política é a segunda profissão mais velha do mundo, agora sei que contém uma grande semelhança com a primeira” (Ronald Reagan)De acordo com um documento divulgado pela autarquia escalabitana, na sua reunião de 18 de Novembro, houve necessidade de reforçar, com dois mil euros, a verba inicialmente orçamentada em quatro mil para “pagar” ajudas de custo ao presidente da Assembleia Municipal de Santarém.Esta explicação surge, com todas as letras, logo na primeira linha do citado documento camarário.Feitas as contas, o mencionado autarca auferiria 100 contos de ajudas de custo por mês. Nem mais nem menos!A grande bronca é que nada disto corresponde à verdade.Vejamos: o autarca em causa vive em Santarém e desloca-se para as reuniões, bem como para as audiências que concede, no seu carro particular, sem cobrar meio cêntimo à autarquia pelo desgaste da viatura. Enquanto isto acontece (tome-se o exemplo das sessões da Assembleia) outros autarcas, fora do órgão deliberativo municipal, mobilizam viaturas e “chauffers” oficiais para as suas deslocações até ao edifício do Carmo, onde decorrem “as assembleias”.Acresce, ainda, que à semelhança dos restantes deputados municipais, nenhum dos secretários da mesa da Assembleia Municipal de Santarém recebeu ajudas de custo por participar nas respectivas reuniões.Sendo assim, ocorre-nos, desde logo, perguntar:Primeiro – Afinal, quem recebeu esse pilim? Isto é, quem é que já arrecadou 800 contos de ajudas de custo, em nome do presidente da Assembleia Municipal de Santarém (que sou eu), e se prepara para receber mais 400?Eu não fui! Nem nenhum outro eleito da referida assembleia. Segundo – Como é que alguém pode efectuar alterações ao orçamento de uma assembleia municipal, sem ser por iniciativa desse órgão (através da “mesa”), conforme a lei preceitua?Terceiro – Que reparação haverá junto dos vereadores que, tomando tais informações como rigorosas, acabam por tecer comentários desenquadrados da realidade (só porque partiram desses pressupostos errados)? Repare-se no exemplo de quem esteve vários mandatos na assembleia e só agora parece ter descoberto que a respectiva mesa efectua uma reunião semanal.Quarto – Que explicações para os jornalistas que vêem nas autarquias veículos seguros de informação, acreditando (com toda a lógica) na veracidade dos documentos que daí recebem e nos quais baseiam as suas notícias?Quinto – Que ideia existe acerca dos custos inerentes ao integral funcionamento da assembleia do município escalabitano? Os encargos com todas as senhas de presença e deslocações dos 57 eleitos (“mesa” incluída), bem como os custos com pessoal, água, electricidade, telefones, papel, equipamentos e amortizações é bem inferior ao custo dos políticos nomeados para o stafe do outro órgão municipal (executivo)!Fiquei ciente, a partir do início do ano, que há quem não hesite em mistificar documentos, desde que, com eles, possa atacar a minha imagem.Já estou, portanto, habituado a “tiradas” e a “notícias” dirigidas contra mim, por insondáveis complexos, mas sem qualquer objectividade (ou seriedade) informativa.Eu aguento a “porrada” toda. Mas já não chega dizer mal de quem saiu, é preciso “parir” mais alguma coisita por esta terra (nem que seja de “cesariana”). O “Polis” poderá ser um bom “obstetra”... Post ScriptumContasQuanto às ditas contas, façam-nas claras, sem desconfianças, e expliquem, de uma vez por todas, quem recebeu o pilim e porquê!Se houver erros, qual é o drama? Corrijam-nos! Só será verdadeiramente grave insistirem na “trapalhice”. Só será inaceitável recorrerem à provocação (institucional e política) a qualquer preço, isto é, com o lancinante propósito de não me deixarem em paz.Cabine telefónica e “coerência política”Quem, de forma insólita, “proibiu” pagamentos inerentes ao mandato anterior não deixou de arrecadar (no presente) as receitas geradas nesse mesmo período.Curiosamente, no caso de Santarém, só no tocante aos processos de obras particulares e de loteamentos (entrados em 2000/2001) a câmara já recebeu cerca de 200 mil contos (e ainda tem créditos de perto de 100 mil), durante o corrente ano de 2002.São igualmente previsíveis novos financiamentos, tanto do “Polis” como do “ValTejo”, graças à “excelente” (assim foi considerada pela tutela) qualidade técnica das propostas e dos projectos avançados há perto de dois anos.Nunca ninguém viu nenhuma autarquia contemplada com estas “lembranças” do passado rejeitar o seu conteúdo financeiro. Antiteticamente, abundam os exemplos de contestação dos passivos herdados de anteriores mandatos.Estamos em presença do refinado princípio da cabine telefónica: só há “coerência” e abertura para receber, ou seja, a “coisa” apenas funciona enquanto pingam “euromoedas” e “despingam telecartões”.Como alguém já escreveu: “a coerência não é inexistente na gestão política. Mas, é sempre muito difícil de constatar. Nessa gestão política, nada é tão útil como a memória curta, o fabrico de distracções públicas e a mansidão das oposições que, por julgarem já ter ganho tudo em eleições passadas, fogem das novas como diabo da cruz!”.Qualquer semelhança com a realidade concelhia escalabitana será uma mera coincidência.Não há regrasem excepção“Livro aberto” constitui o direito à diferença de pontos de vista e de perspectivas (muito variadas). É uma tribuna de opinião. Nesta conformidade, só a usarei para me defender de calúnias em situações excepcionais. Foi o caso desta semana.Santarém (Marvila),20 de Novembro 2002.jmnoras@mail.telepac.pt

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