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Lotação esgotada

Vinte e cinco crianças sem vaga no pré-escolar de Riachos desde o início do ano lectivo

Desde o início do ano lectivo que 25 meninos do ensino pré-escolar estão impossibilitados de frequentar o Jardim de Infância de Riachos por falta de vagas. A associação de pais ainda arranjou uma sala no edifício da junta de freguesia, que foi sujeita a remodelações para cumprir a legislação, mas o secretário de Estado da Administração Educativa não autorizou a abertura do espaço. Na semana passada a associação enviou um abaixo-assinado ao governante e espera que a situação seja resolvida até à construção do novo jardim de infância, que ficará mesmo ao lado do actual.

As chapas de zinco são a única cobertura do Jardim de Infância de Riachos, instalado na Rua Dr. Guimarães de Oliveira. Os pavilhões pré-fabricados, que há vinte anos vieram da Escola Básica Manuel Figueiredo, em Torres Novas, para receber o ensino pré-escolar, há muito que dão sinais de fragilidade. No interior das três salas do jardim, com cerca de 40 metros quadrados, não cabe nem mais um aluno. “Temos sobrelotação de crianças. Existem 100 meninos com idades entre os dois e os cinco anos, mas só estão aqui 75 alunos. Há necessidade de uma quarta sala”, esclarece a coordenadora do estabelecimento, Isabel Luz.Este ano, quando se verificou que o número de inscrições tinha aumentado significativamente, a associação pediu a abertura de mais uma sala.A Junta de Freguesia de Riachos disponibilizou o salão nobre. Dividiu-o ao meio e disponibilizou uma parte para a sala, que foi vistoriada por técnicos do Centro da Área Educativa. Quando se pensava que faltava apenas a colocação de um educador a associação soube que todos os pedidos após o mês de Fevereiro não seriam contemplados. “Mas as inscrições são em Junho e não podem ser feitas antes”, argumenta a associação.O pedido de abertura foi inviabilizado pelo secretário de Estado da Administração Educativa. Os 25 alunos permanecem sem vagas e os pais desesperam. Na semana passada a associação reuniu os pais para um abaixo-assinado já enviado ao gabinete do secretário de Estado. O Ministério da Educação é responsável pela colocação de um educador, uma vez que a auxiliar já foi disponibilizada pela Câmara Municipal de Torres Novas.O MIRANTE contactou a assessoria de imprensa do secretário de Estado da Administração Educativa que informou que o governante está “sensibilizado para o assunto” e conta “resolver o problema no mais curto espaço de tempo” em conjunto com a Direcção Regional de Educação de Lisboa.ASSOCIAÇÃO DE PAIS PAU PARA TODA A OBRAAssim que chega ao jardim de infância, na tarde de segunda-feira, o presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Primeiro Ciclo e Pré-escolar de Riachos, José Alberto Barroso, encarrega-se de ajudar a resolver um problema eléctrico. São muitas vezes os familiares das crianças que se ocupam da manutenção do espaço, substituindo electricistas, serralheiros e carpinteiros. A associação de pais pagou a rede de segurança, mas a iluminação não existe e há um muro que está há dois anos por acabar. As rampas em cimento, para facilitar o acesso ao espaço, também foram construídas pelos pais. “Achamos que a associação não tem que servir de cavalo de batalha para tudo”, desabafa o presidente.Os alunos tomam as refeições num outro edifício do parque escolar também em avançado estado de degradação, classificado como património nacional. Os almoços são confeccionados no centro de dia, mediante protocolo estabelecido com a câmara.PROJECTO ATRÁS DE PROJECTOA coordenadora do jardim de infância mostra com entusiasmo o projecto elaborado pelo Gabinete de Apoio Técnico, que prevê que o novo estabelecimento integre o futuro campus escolar, em conjunto com a Escola Básica 2/3 e com o estabelecimento do primeiro ciclo, de acordo com a carta escolar existente.O jardim irá nascer ali ao lado, no edifício Nossa Senhora da Conceição, conhecido como a antiga Casa Amarela. Segundo o projecto o estabelecimento será instalado no rés-do-chão. “No primeiro andar será criado um centro de recursos aberto à comunidade”, informa Isabel Luz.O plano que a educadora mostra não é o primeiro. Um dos projectos do Jardim de Infância acabou por cair por terra por não caber no terreno. Segundo a associação de pais o mais recente projecto está orçado em 300 mil euros (60 mil contos).O espaço onde o estabelecimento irá nascer já serve de abrigo a toxicodependentes. “Riachos não pode estar votado ao abandono”, reclama Ana Paula Araújo. “O jardim de infância está prometido há muitos anos. Há muito que é protelado. Vamos ver se é agora”, confidencia.O presidente da Câmara de Torres Novas, António Rodrigues, garantiu ao nosso jornal que o projecto do jardim de infância será concretizado, recusando entrar em pormenores sobre a questão do jardim de infância. Mas os pais cada vez acreditam menos que o tão desejado projecto avance. “Como presidente da associação não acredito que o jardim seja construído. Mas isso seria óptimo”, conclui José Alberto Barroso.

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