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Órgão de Constância vai voltar a tocar

Concerto musical marcado para domingo, na Igreja Matriz

O som do órgão de armário da Igreja Matriz de Constância, datado do início do século XIX vai voltar a soar depois de três anos de silêncio. Ministério da Cultura, Câmara Municipal e Paróquia uniram-se para custear o restauro do instrumento e o concerto do regresso é domingo, 15 de Dezembro. Os convidados para tão solene ocasião são Maria Ana Fleming, formada em canto pelo Conservatório Nacional de Lisboa e Antoine Sibertin Blanc, titular do Grande Órgão da Sé Patriarcal de Lisboa.

O som do órgão de armário da Igreja Matriz de Constância vai voltar a soar. O concerto que marca a conclusão dos trabalhos de restauro do instrumento está marcado para domingo, 15 de Dezembro, às 17h30.O órgão, instalado no coro alto da Igreja, é da autoria do organeiro António Xavier Machado e Cerveira, uma das figuras cimeiras da organaria portuguesa, conhecido também a nível internacional.O padre José Maria Rodrigues lembra que o instrumento foi adquirido pela Igreja em 1827 para animar as missas solenes que se realizavam aos sábados em honra de Nossa Senhora. As missas eram muito participadas por “gentes que vinham Zêzere abaixo”.Na altura a igreja pertencia à Real Confraria de Nossa Senhora dos Mártires. “A Igreja tinha rendimentos. Era uma Igreja de Romaria, como as que se fazem a Nossa Senhora da Nazaré”, explica o pároco.O órgão tocou nas últimas Páscoas, há dois ou três anos, mas o instrumento já estava um pouco desafinado e havia necessidade de proceder ao seu restauro. “Tinha uma desafinação que era notada pelos mais entendidos. Houve também alguns tubos que desapareceram e outros que se danificaram”, revela o padre José Maria Rodrigues.Mas o som deixou saudades em toda a população. “O som do órgão fazia-se ouvir em quase toda a vila. É uma maravilha quando tocado pelo organista da Sé de Lisboa. Temos a sensação de que está um mestre a utilizar essa coisa preciosa”, descreve.Nos últimos anos o som do instrumento ouvia-se nas épocas festivas e quando havia “quem tocasse”. O padre ainda se lembra de quando os cânticos da missa eram entoados ao som do órgão e do violino.O concerto de domingo será interpretado por Maria Ana Fleming e Antoine Sibertin Blanc. Maria Ana Fleming é formada em canto pelo Conservatório Nacional de Lisboa e possui vários cursos de aperfeiçoamento no âmbito da música barroca. Antoine Sibertin Blanc é titular do Grande Órgão da Sé Patriarcal de Lisboa e professor de Orgão e improvisação na Escola Superior de Música de Lisboa. Antes do concerto, às 16h00, será celebrada a eucaristia presidida pelo Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, D. Augusto César.UM INSTRUMENTO RENASCIDOO instrumento, com o número 101, insere-se na terceira fase de construção de António Xavier Machado e Cerveira, que corresponde a um período mais polifónico. “O instrumento evidencia já a viragem para este tipo de desenvolvimento musical”, explica o organeiro responsável pelo restauro do órgão de Constância, Dinarte Machado. O órgão de armário de Constância possui cinco metros de altura e dois de largura. É um instrumento polido com dois pedais em forma de estribo. O órgão possui um teclado de 54 notas de oitava inteira. O instrumento tem 12 registos, seis de cada lado. À esquerda: fagote, clarão, duzena, quinzena, flautado de seis aberto e flautado de 12 aberto. À direita: clarim, corneta, oitava real e quinzena, flautim, flauta em 12, flautado de 12 aberto.O órgão tem 700 tubos e é alimentado com o fole original, sendo o ar insuflado através de uma turbina que se encontra fora do instrumento. Trata-se de um exemplar totalmente mecânico que foi restaurado de forma minuciosa. “O estado não era precário, o que permitiu o restauro próximo do estado original”, esclarece Dinarte Machado.O órgão, instalado de lado, no coro da igreja, possui duas portas decoradas. O organeiro Dinarte Machado explica que houve necessidade de substituir algumas peças do instrumento que estavam em estado degradado, mas adianta que faltava apenas um tubo de palheta. O fole foi restaurado de forma geral. “Tinha um óptimo estado de conservação”, ilustra o técnico. O restauro foi iniciado há três anos. Envolveu um trabalho efectivo de oito meses e contou com a colaboração de seis a nove pessoas do Atelier Português de Organaria de Dinarte Machado. O restauro do órgão teve um custo superior a 30 mil euros (seis mil contos). O valor foi comparticipado em 16460 euros (3300 contos) pelo Ministério da Cultura. A autarquia contribuiu com cerca de seis mil euros (1220 contos). Os restantes 7540 euros (1500 contos) serão assegurados pela paróquia.Ana Santiago

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