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Mandar as embrulhadas por água abaixo

Presidente da câmara de Tomar quer acabar com o calvário nos SMAS

A desorganização do Serviço Municipalizado de Águas e Saneamento (SMAS) de Tomar anda a dar cabo da cabeça do presidente da autarquia local. António Paiva não se conforma com a situação e, apesar de dizer que ele é o primeiro culpado, por ser o presidente dos serviços, quer encontrar quem não consegue pôr ordem na casa. Depois dos serviços ficarem arrumados parece certo que algumas cabeças vão rolar...

O presidente da Câmara de Tomar decidiu, ele próprio, pôr ordem no mau funcionamento dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) da cidade. Depois das ameaças de corte de fornecimento de água enviadas sem justificação e das consequentes reclamações dos munícipes, António Paiva arregaçou as mangas. E descobriu novas embrulhadas.“Há um outro problema que não tem a ver com o não aparecimento das facturas em casa das pessoas e do qual ainda não estou completamente esclarecido, apesar de várias reuniões que tenho tido com a empresa”, diz o autarca.E o presidente explica o que a Mecaresope – a empresa contratada que faz a emissão das facturas - parece ainda não ter conseguido entender. “Nós temos cerca de 24 mil consumidores e deveríamos ter 20 dias disponíveis de cada mês para facturação. Isto é, dividindo os 24 mil consumidores por esses 20 dias daria uma facturação certa todos os dias, que deveria andar na ordem das mil pessoas por dia”.Seguindo o raciocínio do autarca, haveria sempre uma data limite de pagamento que corresponderia a mil pessoas por dia. “Se já tivéssemos a empresa a fazer a facturação de mil clientes por dia, havia uma cadência constante de facturação e não teríamos a sobrelotação de consumidores a pagar na empresa”.É precisamente nesta questão da facturação que a empresa ainda não conseguiu esclarecer o presidente da autarquia – “quanto a mim a questão da facturação está directamente associada com a leitura do contador. Há uma leitura que é feita de dois em dois meses e se ela for feita sempre na mesma data origina "x" dias depois a facturação, que sairia para os correios sempre na mesma data”.Isto é, cada consumidor saberia à partida que, por exemplo, a 20 de cada mês caía na sua caixa do correio a factura para pagamento da água.Mas quando pediu aos serviços que lhe fizessem uma relação de como tinham sido feitas as leituras dos últimos 60 dias, António Paiva percebeu que estava tudo engatado. “Percebi por exemplo que num dia os serviços tinham feito 500 leituras, no dia seguinte 300 e no dia 20 de Janeiro deste ano, que corresponde à facturação de 20 de Dezembro, haviam feito quatro mil leituras”, diz.Este desfasamento vem de algum modo explicar as enormes filas que o SMAS registaram em alguns dias – “aquilo que nós pensávamos que era um problema devido aos erros na emissão de 1800 facturas era afinal um outro problema, que corresponde ao facto de ainda não ter sido dada pela empresa uma relação de saída diária de facturas”.“Só no dia em que conseguir ter essa relação na mão é que consigo dizer às pessoas que não há justificação para as filas”, diz o presidente, afirmando-se que a responsabilidade é toda sua.As alterações introduzidas no SMAS quer pela Mecaresope quer pela própria autarquia – que decidiu na mesma altura em que o sistema informático estava a ser alterado modificar também o modo de pagamento, passando este a ser mensal - não estão a correr bem mas, para o presidente, “se ficar bem a prazo já fico satisfeito”.A aliar a tudo isto há ainda a questão da não actualização das moradas dos consumidores. “Existem milhares de contadores cujo número que está na factura não corresponde ao número do contador do consumidor”, diz o presidente, adiantando que, nos próximos três meses quer ver todas as listagens que saem. “O que não posso infelizmente garantir, ainda que dentro de 60 dias já tudo esteja a funcionar bem”.SETE MESES DE CALVÁRIOA cadência de saída de facturas foi solicitada pelo presidente há já sete meses mas a empresa fornecedora do serviço ainda não conseguiu pôr o conceito em prática. É por isso que António Paiva diz ser evidente que a empresa tem de ser responsabilizada por esta situação. Como, o presidente ainda não sabe. Mas confessa até já ter posto a hipótese de abrir concurso público para utilização de outra aplicação. Que é a mesma coisa que dizer mandar a Mecaresope embora e arranjar outra empresa onde não hajam “falhas de comunicação”. Mas isso era pior que a emenda porque voltaria tudo à estaca zero.“Afinal são sete meses de calvário em que não se está a responder às pessoas e são elas que estão a receber três ou quatro facturas juntas ou então não recebem nenhuma”.António Paiva diz que, em nome da sua imagem, não tem que se desculpar por qualquer sanção que vá ter que prestar a quem de direito. “Não deixarei de responsabilizar os responsáveis pelo que está a suceder”.Margarida Cabeleira

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