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Inabalável Manuel Serra D’Aire

Não deixa de ser filantrópica a missão do altruísta director do Público, que ao anunciar a criação da edição Centro daquele diário veio arvorar-se em salvador da pátria e em zelador do bom gosto dos leitores. O homem escusava era de desancar tanto na imprensa regional, que pelos vistos tão bem conhece e que eu tenho de defender com unhas e dentes, porque senão lá se vai este espaço onde posso dizer mal de tudo e todos. O director José Manuel Fernandes explica essa edição Centro dizendo que o objectivo é “procurar acrescentar ao jornalismo mais reflexivo, mais universalista – que caracteriza o primeiro caderno – um jornalismo de proximidade que é hoje em dia mal servido, porque a imprensa regional é muito débil e as rádios locais transformaram-se em gira-discos”.E como se não bastasse ainda passa um atestado de estupidez à malta que vive na paisagem. Diz ele que esta oferta de informação local feita por um jornal nacional “permite um grau de independência que infelizmente nem sempre sucede na imprensa regional, porque não há sociedade civil”. Presume-se assim que pela província só resta a sociedade militar, já que cabeças pensantes como a do doutor só as haverá em Lisboa e, com alguma boa vontade, no Porto. Que grande morcão me saiu este gajo, ó Manel. O homem, se quer chamar-nos parvos, que se olhe primeiro ao espelho. E se pensa que nos vem alfabetizar, armado em João de Deus do século XXI, que vá dar uma volta. O que ele quer é dar-nos um chouriço e levar-nos um porco. Ou seja, o filão da publicidade na província ainda está mal explorado, esse sim, e o homem descobriu que pode vir aqui sacar umas massas. Evangelizador Manel, chega de gastar cera com malta que passa a vida entre o Terreiro do Paço e os corredores de São Bento e dedicar-me um pouco mais aos nossos conterrâneos, à nossa sociedade civil, à nossa massa crítica, essa sim muito mais viajada e cosmopolita, como passo desde já a explicar.Vê lá tu que os presidentes das autarquias que fazem parte da Associação de Municípios da Lezíria foram na semana passada fazer uma jornada de reflexão de dois dias para Évora. Deve ter sido para se ambientarem à estrada e ao clima, pois quando passarem para a Região do Alentejo terão que lá ir mais vezes. É uma táctica que aliás já é bem conhecida no futebol. Lembras-te que no último mundial a nossa selecção também esteve a estagiar em Macau antes de seguir para a Coreia, para se habituar à humidade e a outras coisas?Deve ter sido isso também que se passou agora. Esta coisa de habituar o estômago e o fígado a açordas, a pezinhos de coentrada, a gaspachos ou aos vinhos alentejanos leva o seu tempo e tem de ser feita gradualmente. Tal como a habituação à língua, à música e às anedotas não deve ser precipitada. Nada pois como ir treinando, para que em 2006 os nossos autarcas se sintam devidamente integrados na região que os irá acolher. E para levarem as coisas a sério devem também mudar de ares durante o Verão, trocando a Nazaré, Peniche, ou mesmo o Algarve, pelas praias de Vila Nova de Mil Fontes ou Azambujeira. Afinal de contas é a nossa identidade que está em jogo. Um bacalhau à Serafim das Neves

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