As equipas de infantis da Escola de Futebol de Tomar e “Os Afonsinhos” - Escola de Futebol do Vitória de Guimarães, no escalão de escolas, foram os vencedores da terceira edição do Torneio Internacional de Futebol “Palmo e Maio”, organizado pela Escola de Futebol de Tomar, que decorreu no sábado, dia 15 de Fevereiro, no Estádio Municipal de Tomar.O torneio, destinado às categorias de escolas e infantis, contou com a presença de duas centenas de crianças que encheram de juventude e alegria o velhinho Estádio de Tomar. O tempo muito agradável que se fez sentir permitiu que durante todo o dia várias centenas de pessoas se deslocassem ao recinto para assistir aos jogos.As equipas presentes revelaram um bom nível competitivo. Nos mais novos, os jovens de Guimarães mostraram maior evolução e dominaram a competição, venceram os três primeiros jogos e no jogo decisivo para acesso à final, venceram o Benfica nas grandes penalidades. Na final disputada com a equipa Foot Escola, a equipa vimaranense levou a melhor, conquistou o troféu e viu ainda o seu jogador António Xavier conquistar o título de melhor jogador do torneio na sua categoria.Em infantis, a vitória pertenceu à equipa organizadora. As equipas do União de Tomar e da Escola Gregório Freixo, de Coimbra, estiveram também em bom plano, mas não conseguiram contrariar a maior vontade e determinação dos jovens da Escola de Futebol de Tomar. Para o êxito da equipa nabantina muito contribuiu o dia inspirado do jovem jogador Nelson Santos, que deu nas vistas e juntou ao troféu de melhor marcador o título de melhor jogador da prova, mostrando credenciais para voos mais altos.Em infantis a classificação final ficou assim ordenada: 1º Escola de Tomar; 2º Escola Gregório Freixo; 3º União de Tomar; 4º Vincennes; 5º Benfica; 6º Escola de Tomar B; 7º Escola de Tomar C; 8º Foot Escola.Em escolas a ordem final foi a seguinte: 1º Afonsinhos; 2º Foot Escola; 3º Escola de Tomar; 4º Benfica; 5º Escola Gregório Freixo; 6º Vincennes; 7º Escola de Tomar B; 8º Alferrarede.Colóquio em jeito de aperitivoPressões de vitórias estragam a formaçãoAs pressões dos responsáveis e dos adeptos para que se obtenham vitórias são uma constante em qualquer clube, e nos mais poderosos essa tendência acentua-se, o que estraga quase sempre o trabalho de formação dos jovens que desde muito novos são pressionados para vencer e na maior parte dos casos não conseguem trazer à tona todas as suas faculdades. Esta foi a ideia principal deixada pelos oradores do colóquio “Da Formação à Alta Competição”, que versou sobretudo o futebol de formação, e que se realizou na sexta-feira, dia 14, no auditório da Biblioteca Municipal de Tomar, a anteceder o Torneio Internacional de Futebol “Palmo e Meio”.Carlos Carvalhal, ex-treinador do Leixões, que levou esta equipa à final da última edição da Taça de Portugal e à Taça Uefa, Jorge Castelo, treinador de futebol, e Carlos Gomes, actual treinador da equipa B do Benfica, falaram um pouco do que se passa nos escalões de formação.Consciente de que falava para uma plateia onde a maioria dos presentes eram treinadores de camadas jovens, Carlos Carvalhal, optou por mostrar em slides um pouco da sua experiência, garantindo que é necessário nestas camadas colocar os jovens a jogar com bola. “Não faz qualquer sentido obrigar um jovem a andar durante a maior parte do treino a correr em volta do campo, quando ele com uma bola nos pés faz um pouco de tudo”.Mais contundente nas suas intervenções foi Jorge Castelo, que não teve pejo em garantir que nem nos grandes clubes existe uma metodologia para as camadas de formação. “Embora se gastem milhares de contos nos escalões de formação, nenhum clube tem um projecto de continuação. Vive-se quase sempre ao sabor do projecto individual de cada treinador, que muitas vezes são mais «treinadeiros» do que treinadores”.Para que um jovem evolua é preciso que tenha paixão pelo futebol, que saiba sonhar e viver e correr para concretizar esse sonho. “Mas também é preciso que os pais o acompanhem, que saibam se quem ensina o sabe fazer. É preciso saber a quem entregam os seus filhos, porque se assim não for correm o risco de os perder como atletas e até como homens”, afirmou Jorge Castelo em jeito de aviso aos pais presentes na assistência.Carlos Gomes falou mais da sua experiência à frente da equipa B do Benfica e do desencanto errado que muitos adeptos têm ao ver esta equipa a jogar na terceira divisão nacional, garantindo que ali também se aprende muito, porque jogam com jogadores muito mais experientes.O técnico do Benfica garantiu ainda que no clube existe actualmente uma procura constante de objectivos. “Os técnicos das camadas jovens reúnem-se amiudadas vezes para procurarem encontrar uma forma correcta de continuação na passagem de categoria, e hoje já existe alguma continuidade, mas é sempre muito difícil o salto do último degrau - o da passagem de júnior a sénior”.Carlos Gomes garantiu ainda que a formação no Benfica é feita de um modo organizado e que não raras vezes os técnicos se interrogam para saberem como é que o clube não consegue aproveitar os bons valores que ali despontam. “Nunca conseguimos compreender como é que o nosso grande rival consegue aproveitar muito bem os jovens oriundos das suas camadas de formação e nós vemos desaproveitado o que de melhor se faz no nosso trabalho”.A abrir o colóquio, o presidente da Câmara Municipal de Tomar, António Paiva, anunciou que o projecto de alteração do Estádio Municipal está pronto e que para além de melhores condições para a prática do futebol, vai também ter pista de atletismo, para que seja possível haver cada vez mais gente a praticar desporto em Tomar.